sexta-feira, 1 de novembro de 2013

TODA SAUDADE JÁ É UMA FORMA DE PRESENÇA



Se a morte é uma certeza, a ressurreição é uma esperança! Afirma de forma profunda o teólogo Andrés Torres Queiruga em um de seus escritos. Diante do fim implacável e que a todos nós pertence, o convite é para que tenhamos esperança. Esperança que espera. Esta atitude de esperar se concretiza na saudade. Não se trata de fazer aqui um tratado sobre Escatologia, nosso intuito é bem outro, desejamos lhe mostrar que mesmo diante da morte de alguém, destino inevitável, processo natural da vida, ainda é possível ter esperança. Todos nós, você e eu, já perdemos alguém que amávamos; um amigo, um pai, uma mãe, um irmão.
Frente à dor de se ver a partida daqueles que faziam de algum modo, parte da nossa vida, os quais compunham o mosaico do sentido mais profundo de nosso existir, o sentimento primeiro que temos é o de impotência, ausência, orfandade, solidão! Uma pergunta cresce dentro de nós, como continuar vivendo quando aquele (a) que amávamos foi embora? Talvez não haja resposta para tal indagação, então o jeito que teremos será construirmos uma resposta, a partir, é claro, do nosso jeito de crer. É preciso estabelecer laços com a vida novamente, é preciso continuar vivendo. Viver o luto do jeito certo é não permitir que ele perdure paralisando-nos por toda a vida.  O que nós podemos fazer?
Ora, podemos promover a ressurreição daquele que não mais está ao alcance dos nossos olhos. Na medida em que reorganizamos o nosso luto, o nosso coração – pois, a morte tem o dom de desconcertar a nossa casa afetiva, paralisando quem vai, paralisando quem fica – estaremos, por assim dizer, promovendo a ressurreição do amado (a). Dito de outro modo, a partir do nosso jeito de encarar e viver a vida, não permitindo que a vida nos sepulte antes do tempo. Aqueles que os nossos olhos não podem mais alcançar não poderão cair no esquecimento! Por isso, faça o melhor que você pode, ame por ele (a).
Vale dizer, a ressurreição é mais do que um cadáver retornar à vida. É uma experiência que vai se estabelecendo em nosso coração, semelhante àquela vivida pelos discípulos de Emaús, quando estes ao se depararem com um suposto estrangeiro, sentiam seus corações arderem no peito, contando-lhes que Jesus não havia ido embora de modo absoluto (cf. Lc 24,13-34). Tal experiência se estabelece a partir do momento em que percebemos que o outro não morreu de forma absoluta, assim poderemos dizer as mesmas palavras que expressamos com relação ao Senhor da vida; “ele ou ela está no meio de nós!” Está porque vive em nosso coração, já dizia alguém; aqueles que amamos nunca vão embora, porque estarão sempre presentes em nossos corações.

Quer um desafio? Acredite! Ouse descobrir quais marcas positivas aquele que você não mais pode ver deixou em seu coração. Assim você descobrirá que o amado ou a amada ainda permanece no meio de nós! É bom sempre lembrar: toda saudade já é uma forma de presença.

JULIANO APARECIDO PINTO
In Memoriam, 01 de Novembro de 2013.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O Ofício do Professor: a Educação




“Mestre, onde morás?” (Jo 1, 38)


            Como dizia o bom e sábio Aristóteles: “O ser humano naturalmente tende ao saber” e, neste processo gnosiológico é inevitável seu encontro com o professor, pois é através do ofício deste que o ser humano pode apreender o novo e ao mesmo tempo descobrir sua necessidade de sempre aprender. Pretendo aqui apresentar um pouco de minha reflexão sobre a raiz das palavras Professor e Educação, mostrando a importância desse profissional em nossa existência concreta e em nosso processo do saber.
            A palavra educação deriva de dois verbos latinos: Educare e Educere, os quais apresentam sentidos importantes do processo educacional na história humana.
Na primeira palavra podemos perceber a meta essencial da educação: a relação com o outro. Educare significa amamentar, criar, alimentar. É durante o processo de criação e alimentação que aprendemos a necessidade de reconhecer o outro como fundamental para a existência e também a obrigação ética de respeito para com sua individualidade pessoal. Aqui se destaca a figura básica da família e da importância de suas orientações e exemplos de respeito, amor, valores éticos etc...
Já o termo Educere significa conduzir (à força) para fora. Este termo se origina da união das palavras ex e ducere, e nos lembra o dever de – após a saída, estruturação e formações essenciais da Educare – partirmos para o novo mundo do conhecer, o qual nos faz percebermo-nos como sabedores de nosso não-saber, ou nas palavras de Sócrates: “Tudo que sei é que nada sei.” É aqui que entra a importância do professor como aquele que oferece à humanidade sua valorosa ajuda e suporte para que o outro caminhe com bons passos pelo mundo do saber.
Antes, porém, de falar dessa importância, faz-se necessário observar a etimologia da palavra professor e seu sentido em nossa reflexão. A palavra professor vem também de um verbo latino, profitare que significa reconhecer publicamente. O termo profitare se dá na união dos termos pro (para fora, diante de todos) e fateri (reconhecer, confessar). Sendo assim, etimologicamente podemos perceber que na função de professor já existe um dever ético altruísta, pois seu ofício o obriga a entregar a todos - sem egoísmo - o seu saber, conhecendo-o junto aos outros novamente (re-conhecer é conhecer mais uma vez). O professor não é um sofista que se pretende sabedor e conhecedor de tudo, mas antes alguém que oferece seu conhecimento ao outro e que precisa aprender juntos com os outros o que já sabe.
Após essa reflexão sobre a etimologia da palavra professor, posso retomar a reflexão sobre a importância do professor na educação Educere. Conforme dito esta é um conduzir para fora e, tendo o professor o ofício de conhecer junto com o(s) outro(s) o que sabe, cabe-lhe a condução de seus epígonos para o mundo do saber. O professor aqui é um condutor e não o dono, pois sua função se dá em uma postura de ajuda e esperança: Ajuda, pois ele não se dá o direito de violar as etapas de cada indivíduo no processo de saber; Esperança, pois sua pretensão não é ser maior que o seu discípulo, mas assim como Aristóteles, pretende que seu aluno o supere e possa continuar esse processo de suprassunção dialético-sapiencial-educacional.
Não posso deixar de salientar que a Educação Educare é fundamental para o ofício do professor. No processo de condução e de oferta do saber não é possível forçar ninguém para que os receba, mas antes que sejam livres para desejarem e tenderem ao saber. Além disso, o professor não é figura materna/paterna para educare os alunos e esta última figura devem assumir este seu ofício sem depositá-lo em outros. Ao que percebemos, um dos principais problemas contemporâneos da educação é a carência que as crianças e adolescentes têm das figuras parentais e também da transmissão de valores éticos que estas podem oferecer-lhes.
Para não concluir, posso afirmar que hoje é mais um dia de lembrar a suma importância dos amantes do saber que não o amam com uma paixão egoísta, mas antes, que por um amor de razões que nem a própria razão é capaz de compreender (parafraseando Pascal), conhecem novamente e conduzem seus epígonos a saber, de uma forma totalmente altruísta, o doce sabor do conhecimento, que brilha, com luz cintilante e encantadora, no céu do saber.



JACKSON DE SOUSA BRAGA
Por um aluno/professor, 15 de outubro de 2013, 16h46min.
Dia do Professor

sábado, 5 de outubro de 2013

Um outro dia, uma outra praça...



Vejo-me novamente na praça, no mundo, no existir; vejo-me novamente num de meus muitos dias, muitas horas, muitos olhares, muitos sons e sentidos. Ouço os loucos, os normais, mas também a natureza e a tecnologia a romperem as barreiras do silêncio mundano de meu existir. Tenho uma certeza: Estou no mundo!
            Um mundo que de tão real se afastou da realidade e criou a virtualidade, na qual vive imerso; Um mundo perdido mais no não-existente do que no existente; Um mundo que não sente calor, frio, fome ou sede, mas antes toques, atenção, imagens, barulhos e navegações. Vejo o mundo que tanto temi num dia na praça, sem o amor e sem eu mesmo. O mundo que me fez desligar-me da sede que tenho pelo amor, foi o mesmo que me fez conectar-me no mundo que não existe, do qual sou (somos) um (s) dependente (s). Vejo todos passarem no real e um ainda me conhece e constato que ainda não estou só. Contudo, ele passa e ainda comemora mais um dia sem os outros. Foi só um momento, volto à solidão.
Percebo-me obrigado, como na praça, a continuar a ver o prazer da dependência rumo à morte. A vaidade foi deixada de lado, frente ao consumismo que continua a alimentar a sede insaciável do humano, mantendo-o escravo da economia e cobaia do mercado. Sou obrigado a ouvir os sons de má qualidade e pobreza de sentido, os quais perturbam minha inteligência e mantenho-me silencioso, pois o politicamente correto da liberdade de expressão é mais poderoso que minha ânsia de liberdade humana; Sou ainda obrigado a ver o desejo de meus instintos e deixar-me controlar pelo império de minha consciência; Sou obrigado a perder meus olhares na busca de sentido dos tolos viajantes. Tolos sim! Para onde vão? Vão para qualquer lugar, mas ou estão voltando, ou sentem-se obrigados a voltar, ou ainda a ficar, mas nunca a chegar...
            Incomodam-me, as vezes, os viventes, pois violam minha privacidade sem eu lhes dar tal permissão. Incomoda-me sua privacidade, pois fadou-se ao mundo do virtual e reclama descrição no ambiente público que é infinito. Vou continuar a caminhar neste mundo, nesta história, nas praças e também no virtual... Vou voltar para casa da qual sou estrangeiro, portador de suas chaves, mas sem a certeza de poder adentrá-la.
Pobre de mim; pobre do amor que agora se tornou alguém sem importância; pobre dos fadados a virtualidade, pois estão condenados a prisão de selas infinitas e sem centro específico; pobre do caminho, pois já perdeu seus caminhantes e ficou sem poder levar estes ao seu lugar; pobre ainda do viajante, pois sou mais estrangeiro que sua clandestinidade; pobre de mim, pois sonhei em gerar e só vejo os outros a conceber e ter estrutura para isto. Queria aquela que me afastou-aproximou de Gabriela e ajudou-me a esquecer-lembrar do amor para cobrar-lhe os danos que causou neste ser que sou.



Jackson de Sousa Braga
3 de outubro de 2013. 12h30min.
Em: Conexão nupérrima


Obs: Respondendo: Falamos sozinhos e sentimo-nos idiotas, porém talvez esse seja o nosso principal modo de ser compreendido. 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

27 de agosto...


Este dia é bem especial para mim, pois somente nele lembro-me de três fatos, de cuja importância marcam minha história e vida, são eles: Dia de Santa Mônica, aniversário de morte de Dom Luciano Mendes de Almeida e dia do Psicólogo. Poderia ser sim para muitos um dia qualquer, entretanto para mim ele assume um significado especial, dando-me a lembrança de ações que são importantes para minha história pessoal e de meu compromisso com uma humanidade melhor e mais humana para todos.
            Em relação ao dia de Santa Mônica, posso lembrar-me de uma mulher de coragem e amor incondicional a seus. Ela que foi uma mãe de fé, dedicada para com o seus filhos e marido me adverti de meu compromisso de ser um bom membro em minha família, de dedicar-me no cuidado desse bem incomparável, dado por Deus a mim. Além disso, ela me lembra de minha responsabilidade de ser uma pessoa confiante no amor e na fé. Mônica destinou 32 anos de sua vida a orações por seu filho, Agostinho, o qual, após converter-se, dedicou-se aos estudos e diálogo entre a fé e a razão – merecendo o título de filósofo e Doutor da Igreja. Além disso, Mônica me ensina a não querer colocar-me como um manipulador da vontade de Deus, mas antes saber respeitar as etapas e processos de sua providência. Ela não foi uma pessoa conformada com a vida ou passiva em relação à situação, mas antes uma mulher empenhada com os exemplos e ativa em seus sonhos. Foi da intercessão dessa grande mãe que recebi um comunicado: "Agostinho gosta muito de você... Você está construindo sua casa e ela está ficando muito bonita, só que ultimamente você tem jogado algumas pedras nela." Ajude-me, querida padroeira, a ser cada vez mais um bom construtor de minha casa e um homem zeloso para com a mesma.

            Quanto a Dom Luciano Mendes de Almeida, posso lembrar-me de um homem de amor para com os mais necessitados. Dom Luciano foi e ouso dizer que ainda é um homem exemplar para nossas ações em relação aos outros. Lembro-me de inúmeros fatos que ele realizava e nos encantava com amor, mas principalmente de suas frases e ensinamentos – os quais vinham recheados de vivência sapiencial. Saliento aqui algumas de suas frases que sempre levo como propósito de ação: “Descobri que o céu é ver os outros felizes”: Essa frase nos indica que não podemos esperar a concretização de um Reino de Deus sem dedicarmo-nos a felicidade dos outros; “Se eles estão pedindo é porque necessitam!”: Essa frase me fora comunicada por uma de suas fiéis ajudantes, em Mariana-MG. Em tal enunciado, o inesquecível Bispo marianense nos lembrava da importância de nossas ações serem menos recheadas de desejos e propósitos de julgamento e serem mais ações solidárias de amor e acolhida; Deus é bom!”: Esta frase fora dita por ele, em meio ao sofrimento e nos lembra de nossa responsabilidade de percebermos a presença de Deus como alguém que acompanha-nos em busca da felicidade que não aluna o nosso ser humano – dotado de dores, sofrimentos, angústias etc. –, mas antes “é conosco” em meio a nossa humanidade de alegrias e tristezas, males e bens, prazeres e angústias... Tive pouquíssimos contatos com Dom Luciano, mas nestes poucos, peço a Deus que aquela benção que ele me dera: “Deus lhe abençoe! Tudo bem com você?” faça-me sempre mais um compromissado com a concretização desse tudo bem comigo e com o outro e me aproxime da maios benção de Deus: o Amor ao próximo como a mim mesmo.
            Finalmente, sobre o dia do psicólogo posso sentir-me feliz por estar me dedicando na entrada dessa dimensão de saber. Não sei se sou capacidade já para falar de tal ofício, pois ainda estou começando a conhecê-lo e aprender sobre seus propósitos, contudo dou-me aqui o direito de ousar em meu discurso.  Creio que essa profissão seja antes de tudo um desejo de ajudar o outro, principalmente em sua individualidade. Seu propósito maior é fazer de nosso encontro uma oportunidade de escuta do outro, acolhendo-o em suas palavras. Ao que me parece, o psicólogo é o profissional que se depara com o mal discursado por aquele que o teme e não o quer mais suportar e cabe a esse profissional a missão de acolher o outro e ajudá-lo. Nas aulas, estou me lembrando muito das palavras do Rubens Alves sobre a arte de ouvir, que tanto psicólogo precisa ter: “Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.” Talvez, esse seja a característica fundamental do psicólogo, a capacidade se saber silenciar-se e ouvir. Que eu aprenda sempre o silêncio, mestre da aprendizagem, e também a arte da escutatória.
            Concluindo, só posso pedir a Dom Luciano e a Santa Mônica que elevem, junto com meu amor, minhas preces a Deus, para que eu vivencie cada vez mais: o amor a meu bem maior, minha família, e também a oração verdadeira e sábia, cuidado/construindo de minha casa e protegendo-a; aprenda a amar o próximo com atos de amor; e a silenciar-me para/e ouvir. Santa Mônica e Dom Luciano, intercedam a Deus por nós!



JACKSON DE SOUSA BRAGA
Viçosa, 27 de agosto de 2013, 13h07min.
Dia de Santa Mônica
7º ano de falecimento de Dom Luciano M. Almeida
Dia do Psicólogo.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

A experiência do Luto...

"Disse Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá." (Jo 11, 25)


                Perdoem-me os enlutados que amam o silêncio, mas minhas palavras não gostam de ficar escondidas em meu íntimo e clamam pelo encontro do papel. Sou feliz pela vida dos que amam e pela alegria de seu viver, mas a dor da morte do outro nos faz refletir sobre esse grande mistério da vida e da morte e sua relação. Seria uma grande pretensão de minha parte falar nestas poucas palavras da morte e da vida, pois ambas são maiores do que minha capacidade reflexiva, contudo escolho dois verbos que fazem parte da vida e da morte, já lhes digo: O Nascer e o Enlutar-se...
                Quando nascemos, vivenciamos a experiência da perda do amado. Antes estávamos na sacralidade da proteção uterina, com todos os seus confortos e proteções. Perdemos o conforto do carinho e do calor que recebíamos naquele pequeno trono acolhedor. Não é em vão que ao nascermos já sabemos apenas chorar e normalmente esta é nossa primeira reação e é dela que nos valeremos todas as vezes que experienciarmos a dor da saudade. Sempre procuramos o outro amado com as lágrimas na percepção de nossa pequenez e na tristeza do sentimento de solidão. Resumindo: são as lágrimas nosso primeiro refúgio...
                Analogamente ao nascer, também na experiência do luto vivemos a perda de um(a) amado(a). Antes encontrávamos em sua presença nossas proteções afetivas, agora sentimos sua perda física e concerta. Surpreende-me a nossa incapacidade de esperar que o(a) amado(a) esteja fraco(a), doente  e que morra... Além disso, assim como no nascimento, nossa reação na experiência da perda é a das lágrimas, que são o sangue da alma nas palavras agostinianas. Nas lágrimas encontramos a força de nos revoltar com a perda e de pedirmos que o(a) amado(a) volte e não deixe que a saudade nos tome. Resumindo: são as lágrimas nosso primeiro refúgio...
                Porém, aqui existe um apêndice... Após o nascimento e a experiência das lágrimas, a criança é convidada a aprender a única coisa que poderá compensá-las, isto é, o sorrir. Nascemos dotados com ofício de chorar, mas a aprendizagem da arte de sorrir expressa nossa capacidade de encontrar na perda a nova força para prosseguir no crescimento. Continuando nossa analogia, na experiência de luto, temos que prolongar o amor aprendido do(a) amado(a). Nossa experiência aqui é de ressurreição, de voltar a viver o bem que o amor do perdido(a) nos fez...
                Concluindo, poderia dizer que a experiência de morte é análoga a de nascer, com todas as suas lágrimas e sofrimento de saudade e dor. Porém, depende de nós, fazermos com que os sorrisos infantis sejam também análogos ao fazer ressurgir do(a) amado(a), com toda a ressignificação de nosso futuro de lembranças amorosas.



JACKSON DE SOUSA BRAGA

No luto de tia Dora, 20 de junho de 2013.

terça-feira, 18 de junho de 2013

“Nossa vida no teu seio mais amores”

"Tenho medo da graça que passa e não volta mais" (Sto. Agostinho)

Quanta alegria invadiu meu coração ao ver meus irmãos, brasileiros, nas ruas de suas cidades. Eles uniam suas forças ao clamor de uma nação massacrada pelo domínio de uma mídia que deseja manipular-nos, contra a corrupção que invade os direitos constitucionais e humanos dos brasileiros, em protesto à má distribuição de renda em nossa nação... São inúmeros os clamores de nosso povo, mas não podemos deixar que esse sonho de liberdade e direitos melhores morra nos combates e/ou nas caminhadas.
            Nosso povo se levantou em luta: “Verás que o filho teu não foge a luta”, porém sem estar dotado de armas letais ou criminosas. Saliento que somos munidos de uma só arma e ela se encontrará nas urnas do ano de 2014. É hora de nos levantarmos contra o monopólio governamental de X ou Y partidos e candidatos. É momento de mostra que nosso congresso é realmente casa do povo e não simplesmente um local de nossos velhos exploradores – o congresso brasileiro chegou a fechar suas portas aos jornalistas, tendo a coragem de proibir-lhes de perguntarem diretamente aos(às) senadores(as) em momentos oportunos sobre questões cruciais ao povo.
            Ainda podíamos lembrar que é tempo de ergue a bandeira da justiça apaixonada e orgulhosa de ser brasileiro, ao invés de chamar o país de “porra” ou de “lixo”. É momento de perguntarmos que país é esse, mas sendo os muitos Paulo Freire’s, Santos Dumont’s, Tiradentes’s, Machado de Assis’s, Oscar Neimeyer’s, Silvio Santos’s... que arregaçaram suas mangas e fizeram do seu trabalho o motivo de alegria de todos os brasileiros. Devemos esquecer a inveja dos países desenvolvidos e tornar nossa história o principal motivo e força para transubstanciar nosso lar brasileiro.
            Finalmente, Chegou a oportunidade de fazer as principais revoluções de um país, a sabre: da educação e da saúde – assim como nos lembra Leonardo Boff. É hora de mostra que os estádios podem ficar vazios em jogos da seleção, mas as escolas devem ser recheadas de alunos apaixonados pelo saber. É nossa vida que está no seio do amor das vidas anônimas que se sacrificam dia-a-dia nos trabalhos cotidianos e fazem dessa nação uma instituição histórica. É o grande momento de nossa vida se configurar ao amor, cantado em nosso hino: “Nossa vida no teu seio mais amores”.





JACKSON DE SOUSA BRAGA
COM O CORAÇÃO EM MANIFESTO, 18 de junho de 2013.

sábado, 8 de junho de 2013

A Saudade...


“Fui me confessar ao mar. E o que ele me disse? Nada.”
(Lygia Fagundes Teles)



            Falar de saudade é falar de mim mesmo e do(a) outro(a), que tanto amo, em um só dialeto e expressão. Bendita seja a linguagem humana portuguesa, por poder expressar, em uma só palavra, a solidão de um coração. Porém, mais bendita é a memória afetiva que arde em seu sonho de encontrar o(a) amado(a) no seu presente, conforme a beleza do passado. Somos os grandes artífices da saudade e creio que somente ela pode fazer com que o outro seja eternizado em nossas emoções.
            A palavra saudade é de nossa “tirinha”, é da mesma “gema” brasileira que fomos formados. Originou-se do grande sentimento que afastava os português e negros de suas terras natais e de seus entes queridos, após a chegada das embarcações nessa Terra de Santa Cruz. Podiam eles perceber, lembrando das palavras de Exupéry, que “entre os homens a gente também se sente só”. Isto é, em meio a uma multidão, também podemos nos perder em uma solidão drástica e marcante – diga-se de passagem, que a palavra saudade deriva do latim solitáte, que significa solidão.
            Sendo assim, somos seres de saudades! Somos as mães e os pais a sentirem necessidade de estar com seus (suas) meninos(as) repousados(as) sobre o colo protetor-acolhedor do lar; somos os irmãos, a lembrar da alegria da diversão inocente e fraterna; somos os amigos a encontrar graça nas piadas antigas e contos marcantes; somos os amantes a rememorar o atraente sentimento da primeira troca de olhares e o doce sabor dos primeiros beijos... Somos as carinhosas lembranças do lugar marcante e do memorável objeto amado.
Quão bela é a saudade, filha da memória e neta do amor. Quão belo é seu desejo de fazer com que nos encontremos na multidão com as pessoas e não com os indivíduos. Quão belo é seu sorriso no encontro esperado e no afago do abraço forte. Quão digna é sua capacidade de continuar a ressurreição dos que já se foram com a separação mortal.
Ah... Caro(a) leitor(a), permita-me desculpar-me, pois não consigo falar desse sentimento, sem me perder no discurso sobre meus amados e minhas amadas... Talvez, seja impossível para eu falar ou separar nas palavras a homilia sobre a saudade e a homilia sobre os amados. Porém, fico feliz em ter podido dizer-lhe sobre quão esplêndida é a saudade que sinto dos meus amados e de minhas amadas e ainda sou grato pela capacidade de amar que a memória me dotou!

JACKSON DE SOUSA BRAGA
Na solidão das letras, 8 de junho de 2013, 23h03min.
DIA MUNDIAL DA SAUDADE

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Meus diferentes oitos de novembro



In collo Matris Dei

Hoje é dia de render graças a Deus, a vida, a amizade e a solidariedade que recebi a oito anos atrás. Tenho uma gratidão especial a tantos que num dia como esse estavam vivendo a intensidade de uma segunda feira com suas atividades escolares, seu cansaço do primeiro dia de trabalho na semana e tantas outras coisas e se dispuseram a ajudar-me a levantar do grande acidente de minha vida. Naquela simples bicicleta descia eu por um lugar tão conhecido e que acabou em um acidente grave que me custou alguns pontos na cabeça e um pedaço da mesma a um “gato” (brincadeira do médico a minha mãe, ao comunicar a retirada do pedaço de osso do meu crânio), mas também uma verdadeira experiência de valorização da vida.
            Sim, aquela experiência fez-me ver o valor de cada movimento de minha vida, ao inclinar-me e acabar batendo no chão e tendo pelo menos 3 convulsões. Fez-me descobrir que ajuda solidária é um ato eticamente humano, quando aquelas pessoas desconhecidas foram prestar-me os primeiros socorros. Aquele pequeno tombo e grande acidente fez-me conhecer o poder da oração de amigos e familiares em busca do meu próprio bem. Fez-me ainda encontrar nas palavras de amor e sabedoria materna e paterna mais segurança do que a inteligência calculista de alguns profissionais.
            Por isso e muito mais, tenho gratidão a cada segundo vivo e amo essa vida como nunca antes pude amá-la antes. Naquela madrugada, a disponibilidade do médico e o carinho de todos que me amavam fez-me sobreviver e dizer que queria continuar minha caminhada de descoberta de cada segundo nesta existência, por isso me levantei logo após o procedimento cirúrgico e quis correr num lugar que nem mesmo conhecia. Mas, acima disso tudo, o sono dos medicamentos me fez descobrir que respeitar minha humanidade é amar os sonhos novos e fascinantes que a história me preparava.
            Por isso, aqui estou eu, neste dia, comemorando um novo aniversário talvez. Gratidão e alegria à aquele momento e a todas as pessoas (conhecidas e desconhecidas) ao ajudarem-me sem esperar nada em troca até hoje.  Mas, além disso, obrigado Meu Deus humano, por me deixar acordar apenas no dia 10 de novembro e descobrir que o melhor de todos aniversários poderia ser comemorado em um hospital – onde pude ver que a vida é também composta de sofrimento, mas nem por isso deixou de ser uma vida digna de ser amada. E ainda agradeço por ter-me esquecido de todas aquelas quase 12 horas, pois assim tenho a liberdade de reinterpretá-las e redescobri-las a todo momento.


JACKSON DE SOUSA BRAGA
Lembrando o que não está em minha memória,
08 de novembro de 2012, 23h.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Donde vem o vazio no existir?



Uma pergunta: “Para quê?”
Para que o ontem a perturbar o hoje, que morre no amanhã?
Para que o nada, sendo que o tudo me ocupa a mente?
Para que o inferno, sendo que a vida está já aqui?
Para que a solidão, no meio da multidão suicida?


Um desejo: “Compreender o nada!”
Compreender o nada consumidor do tudo, no tempo e no espaço.
Compreender o nada do conhecimento, em meio a tantas opiniões.
Compreender o nada de cada palavra, ao dizer o silêncio.
Compreender o nada dolorido do mal.


Uma paixão: “O viver!”
O viver da compaixão, em meio ao ódio, à cobiça e ao poder.
O viver da caridade, no mundo do capitalismo neoliberal.
O viver da amizade, em meio egoísmo altruísta.
O viver do amor, em meio a objetivação do pobre.


Um Fim: “A dor do mal!”
A dor do mal de manter vivos os pesadelos mortais.
A dor do mal em manter a morte inquietando-me.
A dor do mal em salientar o sofrimento.
A dor do mal em ser mal.



Jackson de Sousa Braga
Depois, 16 de outubro de 2012, às 23h05min.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Lendo as estrelas...




No doce silêncio da noite, encostado na janela do mundo e rumo à visão da morte, constatei a pobreza da linguagem: Pobres são as palavras! Corria perdidamente por caminhos conhecidos, mas num momento escondido da vida. Sim, ouvi o que meu coração temia: a fraqueza do dizer. Não sei por que estou a testemunhar isto aqui, mas sinto-me obrigado a suportar essa entrega de palavras ao mundo do barulho – ou melhor, da conexão.
            Não se engane com minhas palavras, pois elas também se fizeram fracas neste momento. Constatei que não sou compreendido, que talvez ninguém seja. Constatei, vendo as estrelas, que a linguagem é só um modo falido, que encontramos para sair da solidão humana. Ouvi o palpitar de meu coração apaixonado e vi que a linguagem era pobre o bastante para não saber se expressar. Disse ao silêncio sobre minhas dores e as palavras morreram no vento que as levou. Cheguei a perder a esperança na confiança de ser compreendido.
            Chorei amargamente diante das estrelas e chamei-as para junto de mim, porém elas me olharam e deixaram apenas seus sorrisos brilharem. Neste momento, experimentei a angústia de ser aquele que fala, mas que não sabe ser compreendido. Vivi o tédio de falar ao mundo o que penso e não ser jamais envolvido pelo outro. Quão triste foi constatar, em minha solidão, que a linguagem é uma noiva cadáver.
            Sim, ela é uma noiva, pois estou condenado a suportá-la em minha existência e amá-la como se fosse meu único remédio para o diálogo. Entretanto, ela é cadáver, pois morta vive a apodrecer o silêncio e viva consegue morrer nos ventos dos sentidos, sentimentos e razão... Por que ouso utilizá-la ainda? Por que a linguagem não é tudo, mas o tudo só se expressa na linguagem?
            Que dor é essa que aborrece o meu ser? Por que estou a lhe dizer isto? Por que sou compreendido por seu entendimento, mas desconhecido pelo seu ser? Pobre de mim, por falar aos ventos o que o silêncio já não suporta! Pobre de mim, por ser um ser de linguagem, sem nem mesmo acreditar na sua compreensão. Calo ou não me calo? Se me calo, estou a dizer o silêncio, que não pode ser dito; se não me calar, continuo a me comprometer com a linguagem fraca, pobre e sem vida.
            Resta-me o paradoxo, de continuar a dizer o que não é compreendido ou silenciar para continuar a não ser compreendido.


Jackson de Sousa Braga
Na estrada com as estrelas, 9 e 10 de setembro de 2012

sábado, 21 de julho de 2012

"País das Lágrimas"


Hoje, eu estava lendo o livro do Pequeno Príncipe e me deparei com o “país das lágrimas”. Somos, enquanto animais humanos, os senhores das lágrimas e amante das mesmas. Na maioria de nossas experiências (físicas, psíquicas e espirituais) trazemos as lágrimas como uma reação. Além disso, somos seres que vem a chorar (trazer lágrimas) para nascermos da melhor forma possível. Somos amantes das lágrimas e também fugitivos das mesmas.
                Somos amantes das lágrimas, porque acreditamos que elas são nossas válvulas de escape. Acreditamos no seu poder de limpar nossas almas das dores da existência. Acreditamos que as lágrimas carregam no olhar a contrição do erro e a vitória do justo. Amamos as lágrimas pela sua capacidade em expressar a nossa confiança na misericórdia do (O)outro. Encontramos nelas a explosão da vitória trabalhosa e a confiança do suor bem empenhado. Enfim, somos amantes das lágrimas, pois sabemos que elas são a melhor forma de tornar físico o que não pode ser físico.
                Porém, somos também fugitivos! Fugimos de sua capacidade de manter viva a dor e a angústia de dias sombrios. Santo Agostinho tinha o costume de dizer que “as lágrimas são o sangue da alma” e acredito que o dizia para nos lembrar da capacidade que elas têm de nos retirar a vivacidade de nosso ânimo. É através delas também que expressamos a ira de corações escravizados pelo ódio, pelos ciúmes e pela raiva. Enfim, somos fugitivos das lágrimas, porque tememos o seu poder de tornar expresso o mal nas linhas de nossa face.
                Minhas palavras agora querem se voltar para o sussurro que os gemidos humanos carregam junto às lágrimas. Ouça-me, ó lágrimas, que escutarem ou lerem essas palavras: Sou um suspeito! Sou suspeito de soluçar esperanças mortas, prazeres frios, paixões cheias de cobiça... também sou suspeito de chorar as conquistas laboriosas, o nascer do amado, o amor difundido... Contudo, não sei bem o motivo de cada lágrima. Porém, não deixo de acreditar que um dia vou desvendar seus mistérios e encontrar, como um pequeno príncipe, o revelar-se do oculto de sua fonte: “É tão misterioso o país das lágrimas”.
                Diante de minhas próprias palavras – ousadas talvez pela minha culpabilidade suspeita – só me resta o doce e amargo silêncio da solidão. Tenho a certeza de que as gotas de sangue jorrarão do coração de minha alma, porém a confiança nos doces sentimentos e nas alegrias  esperançosas alimentarão minha confiança na existência.



Jackson de Sousa Braga
Na solidão silenciosa,  21 de julho de 2012 (22h13min)

segunda-feira, 12 de março de 2012

Vivendo e morrendo...


“Suportando-me a mim mesmo!”

Estou aqui, na existência! Nunca pedi para vir aqui, nem mesmo desejei ser jogado onde estou. Compreendo-me como um homem insatisfeito, inquieto, angustiado, perdido... meu coração vive um momento de falta de sentido. Sim, sinto-me agora sem um bom sentido. Questiono-me em relação à presença de Deus e qual é a sua real função. Agora posso compreender esse homem absurdo que sou...

Sim, esse homem absurdo começa deixar-se compreender em minha existência. Começo a compreender o quanto me faz falta o doce beijo da mulher amada, o prazer de tocar suas curvas e de satisfazermo-nos... Sinto-me imerso na saudade de gozar o sopro da natureza, de encantar-me com brilho das estrelas, de saborear em minha pele a saciedade de um banho de chuva. Meu coração não é apaixonado com os sacrifícios e dores de um preceito ou lei, mas antes se rejubila nos prazeres do corpo e da vida. Sou um homem absurdo que deseja apenas aproveitar, com a maior intensidade possível, os prazeres e encantos da vida, sem pensar nas possíveis condenações futuras.

Entretanto, o mal está na existência! Todos esses desejos não passam de esperanças, que podem morrer e que muitas vezes nem se concretizam. Sim, o mal existe aqui! E não me venha com essas “babozeiras” e histórias sobre sua racionalização... Eu odeio o mal, mesmo sabendo que odiar já é um mal... Sou obrigado a sofrer e ter que suportar àquele “outro infernal de Sartre”, mesmo o amando como o “outro de Levinas”... Vivo isto, que muitos chamam de vida e que eu estou jogado...

A cada dia me revolto com o meu e o sofrimento alheio... Não me venha também com aquelas chantagens emocionais onde devo suportar o meu sofrimento, a exemplo do outro... Sou pregador dessa linda exortação afetiva e como diz o próprio termo: “prego”, ao invés de “receber a pregação”... agora só tenho desejos e como desejaria satisfazê-los e encontrar-me com o único gozo que encontro nessa vida...

Ah, chega! Ficar comigo mesmo e curtir o silêncio que me ensinaram é bom, mas cansa – tem vezes... Por isso, vou em busca desses desejos. Com certeza não terei todos satisfeitos, mas agora o que me cabe e é possível, eu quero. Ah! Se não gostou ou achou-me um louco solipsista, então espere o dia de seus próprios assombros e compreenda. Mas, se ainda achar-me um ateu ou ainda um mimado vagabundo... posso sê-lo, não ligo! Ou melhor, ligo sim e me revolto com você também!

JACKSON DE SOUSA BRAGA

Indiferente, 11 de março de 2012

P.S.: Ainda tenho que suportar esta consciência ética? Sim tenho! E ela não quer deixar-me imergir nos prazeres que desejo.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Saindo do mundo!?


"não existe pátria para quem desespera e, quanto a mim, sei que o mar me precede e me segue, e minha loucura está sempre pronta. Aqueles que se amam e são separados podem viver sua dor, mas isso não é desespero: eles sabem que o amor existe. Eis porque sofro, de olhos secos, este exílio. Espero ainda. Um dia chega, enfim." (Albert Camus)

Já ouvi: “o meu reino não é deste mundo!” e “o meu reino é deste mundo!” Já ouvi também que “somos outro em relação a nós mesmo!” e que “o outro é um eu”. Diante de tais frases enunciadas me pergunto: Foi, é ou será?... sim essa é minha pergunta; é uma pergunta humana, com palavras humanas e conhecimento pequeno. Gostaria de descobrir com ela se o meu mundo ou melhor o outro mundo faz parte de mim...

Deixe-me explicar melhor: meus questionamentos vão em direção a descoberta deste mundo que está me perguntando e fazendo-me perguntar sobre os motivos de me encontrar nele; encontro-me perdido em meus dias e noites... não sei mais rezar, não sei mais ser paciente, tem horas que duvido até de minha capacidade de amar... só sei olhar para essa vida como um terceiro, que quer compreender o autor, sem nem mesmo ter compreendido o enunciado e a linguagem da obra. Sou um perdido! Um vagabundo das descobertas... Mas, alguém que sabe amá-las como nenhum outro amante poderia amar...

Sou um filho das buscas gregas, das angústias patrísticas, da dúvida moderna e das incertezas contemporâneas... sou tudo isso ao mesmo tempo! Sou esse ser jogado no tempo e que não acredita em sua existência... talvez duvide da minha própria... sinto falta dos beijos ao a descobrir a beleza da Coragem... Sinto falta da amizade que sorri ao lembrar-se das diversões do passado e que sofre junto os padecimentos... sinto falta, até mesmo, dos momentos de solidão e do silêncio ao descobrir...

Ah! Quanta saudade do meu namoro das estrelas... da contemplação da lua e da percepção do infinito... Perguntam-me se me arrependo deste passado? Talvez. Talvez de não tê-lo vivido com maior intensidade! Mas, não gostaria de sofrê-lo novamente... Só queria que os melhores sonhos dele viessem a se realizar neste presente e que o encanto do futuro sonhado fosse já palpável no agora...

Sim, esse é o desejo de todos! Mas, eu não desejo que venha na facilidade do dia a dia e sim na luta e no suor de todos os dias... desejo batalhar, como um guerreiro, mas só que sem armas... enfim, sou o que foi, sendo o que é e que busca o será... em tudo isso, vou levando essa vida e/ou essa vida me levando, para onde? Não sei... mas, com certeza, ouso dizer: QUEM NÃO SABE O CAMINHO DEVE CONTINUAR CAMINHANDO...

Jackson de Sousa Braga

Itabirito, 2 de março de 2012

Dia Nacional do Turismo

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O encanto das flores e o doce perfume da família



A família é o maior bem de toda a sociedade. Todo ser humano precisa de estar vivo e ativo em uma família. Acredito que vale a pena comparar a família com um jardim, pois tem o grande encanto de seu perfume e flores, os quais nos preparam para oferecer aos outros a beleza e amizade de nosso ser.

Antes de plantar um jardim, os jardineiros e jardineiras precisam conhecer o ambiente, escolher a terra, selecionar o adubo necessário, olhar os tempos e estações do ano apropriadas para o plantio... Quando atingirem o momento certo acontece o plantio que vem acompanhado de um aprofundamento da terra pela semente. Os jardineiros (as) têm que estar atentos ao todos os momentos das plantas, sabendo em que momento nasce o broto; quando ele precisa de água, de adubo, de sol, de proteção, de poda, de capina etc. Em seguida, quando a flor se desenvolve, ela precisa se proteger a si própria; ela precisa criar as mais belas rosas que puder oferecer ao mundo; ela anseia buscar as mais profundas raízes para encontrar o sustento e forças necessárias para se manter de pé; finalmente, ela deve criar mais sementes para que possa propagar seus encantos pelos jardins do mundo.

Mas, às vezes, existem momentos de chuvas fortes. As chuvas vêm acompanhadas de grandes ventos e exoradas, cuja força tenta destruir e danificar toda a planta. No início da caminhada cabe aos jardineiros (as) cuidar e zelar para que não se perca nenhuma de suas plantas. Porém, após o fortalecimento e estabilidade do caule, a planta se incumbe de se proteger e de proteger cada flor que puder oferecer ao mundo. Destaca-se que as chuvas são boas, porque enchem a terra de nutrientes e mandem sua umidade. Além disso, prepararam e ensinam as flores para as próximas chuvas que virão.

A família é como um jardim! O homem e a mulher precisam se conhecer, preparar um lar, escolher os melhores sonhos juntos, olhar o momento certo da união e da geração... Quando atingirem o momento da união e formação do lar, unem-se no plantio que vem acompanhado do encontro de amor entre as virtudes do casal e a fragilidade de suas pessoas. É graças à atenção que dispensam a sua união e ao solo de seu lar que se originam os frutos de seu amor, pequenos e frágeis no momento do nascimento, por isso necessitam tanto reforço, amor e carinho do homem e da mulher. Esses pequenos seres necessitam do leite maternal que além de alimento dispensa o carinho maternal; do sustento que o amor paternal entrega com o suor de seu trabalho, cheio da benevolência paterna; e diante do frio, das carências e dores, sua bondade será a certeza e convicção de melhor remédio. Quando esses frutos crescem são convidados a oferecer alegrias aos seus criadores, cujo amor e serviço continua firme e fiel.

Mas, às vezes, existem os momentos de sofrimentos em suas vidas. Essas dores e sofrimentos causam muita tristeza, cuja força é temida por todos, pois abala as estruturas mais fundamentais da família. O fundadores da família são chamados a serem sinal de união e exemplo para seus frutos e mesmo diante do erros uns dos outros devem se dedicar para se entender. Porém, após o desenvolvimento daqueles frutos, os pilares podem ter algumas dores e sofrimentos causados pelos frutos e ambos precisam mostrar o respeito e dedicar-se em melhorar sempre – tendo sempre em vista a união e a fortaleza que são os melhores filhos do amor.

Portanto, só posso dizer que uma família que se aprofunda no solo do amor só pode gerar flores cheias de brilho; jardins encantadores, por sua beleza; filhos que poderão oferecer sementes da melhor qualidade; enfim, a família é como um jardim, porque é capaz de manter em todos os tempos as mais lindas paisagens, cujo fruto são os melhores perfumes da dedicação, da fortaleza, da segurança e, prioritariamente, do AMOR.

Jackson de Sousa Braga

Ouro Preto, 18 de setembro de 2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Um 10 de novembro diferente!

Ano passado escrevi, no meu aniversário, o “Mais um 10 de novembro...”. Este ano não tinha planos de escrever nada, porém devido às particularidades que aconteceram, decidi escrever para deixá-las digitadas nos traços de minha história.

Todos os anos anteriores, lembrei-me do temor que a morte traz, visto que todo aniversário é um momento que se celebra a maior proximidade da morte. Entretanto esse ano me motivou a rever um pouco essa tristeza e tornar-me um maior positivista em relação a esse momento. Gostaria de expressar em poucas palavras as alegrias que pude passar esse ano e deixá-las como uma motivação de vida.

Num primeiro aspecto, gostaria de expressar a alegria de viver. É verdade que cada ano é um ano mais próximo da morte, porém, observando de outra perspectiva, é também um momento de se celebrar a oportunidade de mais um ano de vida. Quanto maior é nossa idade, maior é nossa oportunidade de estar junto à existência e à vida. É um momento a mais para existir com o amor, com as alegrias, com as descobertas. É bem verdade que a dor, o sofrimento e as angústias existem também, entretanto vejo-lhes e percebo-lhes como constituição de minha vida. É impossível eu tirá-los de minha existência, contudo eles me fazem viver a busca do sentido de minha existência. Eu só posso buscar o sentido, quando eles me motivam a viver a busca.

Além disso, comemorar mais um ano de vida é uma oportunidade de festejar a vida de nossos amados. Tenho mais um ano de vida hoje e sei que é a presença de tantas pessoas que fizeram com que eu chegasse até aqui. Vejo, no olhar de minha mãe, a confiança e alegria de completar a realização de meu sorriso. No olhar de meu pai, vejo o apoio e alegria de poder sempre ensinar e ajudar. No olhar dos grandes amigos e irmãos, percebo a alegria de serem motivadores de minha alegria.

Porém, só tenho uma reclamação com a natureza e com Deus: Onde está a chuva? Sei que desejaram me dar a graça de ver as Estrelas e a Lua, das quais sou um eterno amante. Porém, a chuva sempre é a marca registrada deste dia. No meu texto do ano passado afirmo: AMO NOVEMBRO: Por ser meu, por ser o mais lindo com suas chuvas e por me preparar para o fim que se aproxima subitamente... Sua presença, minha querida chuva, fazia-me ver as graças de um caminho de colheitas; a abundância do amor de Deus que manda suas graças do céu; o meu contato com a natureza em seus banhos; as lembranças de infância e adolescência; finalmente, fazia-me perceber que você é minha fiel e escudeira amiga de caminhada, principalmente rumo a Viçosa...kkkkk

Mas, enfim, eu sou tudo isso! Sou feliz pela presença de meus amigos, sejam eles próximos ou afastados; sou um encontro de realizações do amor que me faz buscar as conquistas de um ideal maravilhoso; sou um filho que encontra o seu maior presente: O AMOR; sou um irmão que sabe do fraternal amar; sou um amigo que sabe das grandes presenças. MUITO OBRIGADO A TODOS!

JACKSON DE SOUSA BRAGA

Mariana, 10 de novembro de 2011

Por ocasião de um aniversário sem a chuva!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Estive num hospital

UMA EXPERIÊNCIA MÍSTICA



‘procuro Deus! Procuro Deus?’ (Niezsche)

Prezado a gente, saudações!

Não é necessária uma lanterna, nem muito menos um mercado para sairmos à procura de Deus!

O que precisa?

Já lhe respondo. Só o ser humano, aquele de que você chamava de rio turvo, o qual passa pelas pedras e cai em milhares de abismos. Tem vida e tem morte. Recebe os outros, sejam bons ou não... enfim, esse que caminha sobre a terra, cheio do profundo e do raso; da correria e da mansidão; mas, principalmente de sopro e de água.

Ontem, eu estive em um hospital. Tem o nome de hospital da baleia. Sugestivo o nome, porque a baleia vive nas águas e necessita do sopro para manter seus pulmões. Mas, eu queria destacar o contato com o humano que pude ter. Você deve saber que encontrar com o humano é ver a fraqueza e a grandeza; é constatar o imanente e o absoluto de cada pessoa; é saber de cada necessidade, de cada fartura... Sim, eu vi o humano e procurei pelo divino, procurei pelo que há de melhor nessa vida, procurei pelo bem diante do mal e do sofrimento...

Eu vi olhos que choravam, eu vi as lágrimas da dor, eu vi um olhar que procurava descanso do sofrimento. Sim! Eu vi duas amantes em lágrimas. Ambas poderiam ser amiga, irmã, filha... uma talvez mãe... elas choravam as lágrimas da pessoa que ama, que não suporta ver a dor do(a/s) bem amado(a/s). Tive vontade de olhar para seus olhos, tirar suas lágrimas. Porém, como o divino, só era mais um ali. Eu estava lá, mas minhas mãos estavam atadas a minha falta de poder. Desejava ser herói, mas não passava de uma vítima. Suas lágrimas estavam caindo, como se fosse, em meus olhos. Contudo, meu olhar era só passageiro em suas histórias... Ah! Se você acredita que impossível ver o sofrimento, convido-o a ir até um hospital, como este que fui, e ver que o sofrimento tem rosto, tem olhos, tem boca... é em tudo como você, como eu...

Eu ainda ouvi as palavras que procuravam consolar... ouvi as orações dos sofredores... ouvi o gemido da dor... sim, eu tinha audição. Procurava encontrar as palavras certas, mas era vez de meus ouvidos e não de minha boca. Eu ouvi o que sofre dizer sua dor. Eu ouvi a humanidade ser só humana! Repito a afirmação quanto ao sofrimento: “se você acredita que o sofrimento não pode ser ouvido, então até lugares onde pessoas gritam pela dor e ouvirá o seu som. Sim, eu ouvi a voz do que socorre dizer que estava fazendo o que podia. Eu ouvi o medo da que partia. Para onde? Não sei, mas ela partia...

Eu era mudo... minhas palavras de nada adiantavam. Só estava lá! Falava, mas era tudo inútil... eu perguntava pelo sofrimento e o recebi – codificado em palavras. Minha filosofia, minha teologia, minha psicologia eram inúteis diante do Sofrimento. O que importava era ser médico, era saber curar... só os “curados” podem cuidar dos que não estão curados.

Deus, Jesus, Espírito Santo, a gente... onde vocês estavam? Em mim? Entretanto, minha pergunta permanece diante de seu poder... eu não sou onisciente, eu não sou onipotente, eu não sou onipresente... sou apenas humano! Condenado ao sofrimento, a dor, a morte. Tentava eu compreender porque viver o sofrimento...

Éramos nós apenas...

Eu ouvi outra resposta, ainda. Havia alguém que amava e desejava o bem, porém não queria mais ver o sofrimento do bem amado. Eu não entendo Deus e muito menos você, a gente! Eu me pergunto o porquê disso tudo. O sofrimento de onde veio? Porque está ai? Sim, ele está! Você e Deus já o viveram, mas não o solucionaram... Eu me tornei humano, mas não o suficiente para entender o sofrimento...

Diante disto, só me resta o caos que vivo nesse momento. Sim, caos! O sofrimento não pode gerar outra coisa, senão o caos do físico, do psíquico e do espiritual. Um tal de Zaratustra me disse uma vez que: “é preciso ter um caos dentro de si, para dar `a luz uma estrela cintilante”... então só me resta lhe anunciar, prezado “a gente”, “Saudades daquela estrela”!

JACKSON DE SOUSA BRAGA

Depois do “Hospital da Baleia”, 21 de outubro de 2011