sexta-feira, 1 de novembro de 2013

TODA SAUDADE JÁ É UMA FORMA DE PRESENÇA



Se a morte é uma certeza, a ressurreição é uma esperança! Afirma de forma profunda o teólogo Andrés Torres Queiruga em um de seus escritos. Diante do fim implacável e que a todos nós pertence, o convite é para que tenhamos esperança. Esperança que espera. Esta atitude de esperar se concretiza na saudade. Não se trata de fazer aqui um tratado sobre Escatologia, nosso intuito é bem outro, desejamos lhe mostrar que mesmo diante da morte de alguém, destino inevitável, processo natural da vida, ainda é possível ter esperança. Todos nós, você e eu, já perdemos alguém que amávamos; um amigo, um pai, uma mãe, um irmão.
Frente à dor de se ver a partida daqueles que faziam de algum modo, parte da nossa vida, os quais compunham o mosaico do sentido mais profundo de nosso existir, o sentimento primeiro que temos é o de impotência, ausência, orfandade, solidão! Uma pergunta cresce dentro de nós, como continuar vivendo quando aquele (a) que amávamos foi embora? Talvez não haja resposta para tal indagação, então o jeito que teremos será construirmos uma resposta, a partir, é claro, do nosso jeito de crer. É preciso estabelecer laços com a vida novamente, é preciso continuar vivendo. Viver o luto do jeito certo é não permitir que ele perdure paralisando-nos por toda a vida.  O que nós podemos fazer?
Ora, podemos promover a ressurreição daquele que não mais está ao alcance dos nossos olhos. Na medida em que reorganizamos o nosso luto, o nosso coração – pois, a morte tem o dom de desconcertar a nossa casa afetiva, paralisando quem vai, paralisando quem fica – estaremos, por assim dizer, promovendo a ressurreição do amado (a). Dito de outro modo, a partir do nosso jeito de encarar e viver a vida, não permitindo que a vida nos sepulte antes do tempo. Aqueles que os nossos olhos não podem mais alcançar não poderão cair no esquecimento! Por isso, faça o melhor que você pode, ame por ele (a).
Vale dizer, a ressurreição é mais do que um cadáver retornar à vida. É uma experiência que vai se estabelecendo em nosso coração, semelhante àquela vivida pelos discípulos de Emaús, quando estes ao se depararem com um suposto estrangeiro, sentiam seus corações arderem no peito, contando-lhes que Jesus não havia ido embora de modo absoluto (cf. Lc 24,13-34). Tal experiência se estabelece a partir do momento em que percebemos que o outro não morreu de forma absoluta, assim poderemos dizer as mesmas palavras que expressamos com relação ao Senhor da vida; “ele ou ela está no meio de nós!” Está porque vive em nosso coração, já dizia alguém; aqueles que amamos nunca vão embora, porque estarão sempre presentes em nossos corações.

Quer um desafio? Acredite! Ouse descobrir quais marcas positivas aquele que você não mais pode ver deixou em seu coração. Assim você descobrirá que o amado ou a amada ainda permanece no meio de nós! É bom sempre lembrar: toda saudade já é uma forma de presença.

JULIANO APARECIDO PINTO
In Memoriam, 01 de Novembro de 2013.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O Ofício do Professor: a Educação




“Mestre, onde morás?” (Jo 1, 38)


            Como dizia o bom e sábio Aristóteles: “O ser humano naturalmente tende ao saber” e, neste processo gnosiológico é inevitável seu encontro com o professor, pois é através do ofício deste que o ser humano pode apreender o novo e ao mesmo tempo descobrir sua necessidade de sempre aprender. Pretendo aqui apresentar um pouco de minha reflexão sobre a raiz das palavras Professor e Educação, mostrando a importância desse profissional em nossa existência concreta e em nosso processo do saber.
            A palavra educação deriva de dois verbos latinos: Educare e Educere, os quais apresentam sentidos importantes do processo educacional na história humana.
Na primeira palavra podemos perceber a meta essencial da educação: a relação com o outro. Educare significa amamentar, criar, alimentar. É durante o processo de criação e alimentação que aprendemos a necessidade de reconhecer o outro como fundamental para a existência e também a obrigação ética de respeito para com sua individualidade pessoal. Aqui se destaca a figura básica da família e da importância de suas orientações e exemplos de respeito, amor, valores éticos etc...
Já o termo Educere significa conduzir (à força) para fora. Este termo se origina da união das palavras ex e ducere, e nos lembra o dever de – após a saída, estruturação e formações essenciais da Educare – partirmos para o novo mundo do conhecer, o qual nos faz percebermo-nos como sabedores de nosso não-saber, ou nas palavras de Sócrates: “Tudo que sei é que nada sei.” É aqui que entra a importância do professor como aquele que oferece à humanidade sua valorosa ajuda e suporte para que o outro caminhe com bons passos pelo mundo do saber.
Antes, porém, de falar dessa importância, faz-se necessário observar a etimologia da palavra professor e seu sentido em nossa reflexão. A palavra professor vem também de um verbo latino, profitare que significa reconhecer publicamente. O termo profitare se dá na união dos termos pro (para fora, diante de todos) e fateri (reconhecer, confessar). Sendo assim, etimologicamente podemos perceber que na função de professor já existe um dever ético altruísta, pois seu ofício o obriga a entregar a todos - sem egoísmo - o seu saber, conhecendo-o junto aos outros novamente (re-conhecer é conhecer mais uma vez). O professor não é um sofista que se pretende sabedor e conhecedor de tudo, mas antes alguém que oferece seu conhecimento ao outro e que precisa aprender juntos com os outros o que já sabe.
Após essa reflexão sobre a etimologia da palavra professor, posso retomar a reflexão sobre a importância do professor na educação Educere. Conforme dito esta é um conduzir para fora e, tendo o professor o ofício de conhecer junto com o(s) outro(s) o que sabe, cabe-lhe a condução de seus epígonos para o mundo do saber. O professor aqui é um condutor e não o dono, pois sua função se dá em uma postura de ajuda e esperança: Ajuda, pois ele não se dá o direito de violar as etapas de cada indivíduo no processo de saber; Esperança, pois sua pretensão não é ser maior que o seu discípulo, mas assim como Aristóteles, pretende que seu aluno o supere e possa continuar esse processo de suprassunção dialético-sapiencial-educacional.
Não posso deixar de salientar que a Educação Educare é fundamental para o ofício do professor. No processo de condução e de oferta do saber não é possível forçar ninguém para que os receba, mas antes que sejam livres para desejarem e tenderem ao saber. Além disso, o professor não é figura materna/paterna para educare os alunos e esta última figura devem assumir este seu ofício sem depositá-lo em outros. Ao que percebemos, um dos principais problemas contemporâneos da educação é a carência que as crianças e adolescentes têm das figuras parentais e também da transmissão de valores éticos que estas podem oferecer-lhes.
Para não concluir, posso afirmar que hoje é mais um dia de lembrar a suma importância dos amantes do saber que não o amam com uma paixão egoísta, mas antes, que por um amor de razões que nem a própria razão é capaz de compreender (parafraseando Pascal), conhecem novamente e conduzem seus epígonos a saber, de uma forma totalmente altruísta, o doce sabor do conhecimento, que brilha, com luz cintilante e encantadora, no céu do saber.



JACKSON DE SOUSA BRAGA
Por um aluno/professor, 15 de outubro de 2013, 16h46min.
Dia do Professor

sábado, 5 de outubro de 2013

Um outro dia, uma outra praça...



Vejo-me novamente na praça, no mundo, no existir; vejo-me novamente num de meus muitos dias, muitas horas, muitos olhares, muitos sons e sentidos. Ouço os loucos, os normais, mas também a natureza e a tecnologia a romperem as barreiras do silêncio mundano de meu existir. Tenho uma certeza: Estou no mundo!
            Um mundo que de tão real se afastou da realidade e criou a virtualidade, na qual vive imerso; Um mundo perdido mais no não-existente do que no existente; Um mundo que não sente calor, frio, fome ou sede, mas antes toques, atenção, imagens, barulhos e navegações. Vejo o mundo que tanto temi num dia na praça, sem o amor e sem eu mesmo. O mundo que me fez desligar-me da sede que tenho pelo amor, foi o mesmo que me fez conectar-me no mundo que não existe, do qual sou (somos) um (s) dependente (s). Vejo todos passarem no real e um ainda me conhece e constato que ainda não estou só. Contudo, ele passa e ainda comemora mais um dia sem os outros. Foi só um momento, volto à solidão.
Percebo-me obrigado, como na praça, a continuar a ver o prazer da dependência rumo à morte. A vaidade foi deixada de lado, frente ao consumismo que continua a alimentar a sede insaciável do humano, mantendo-o escravo da economia e cobaia do mercado. Sou obrigado a ouvir os sons de má qualidade e pobreza de sentido, os quais perturbam minha inteligência e mantenho-me silencioso, pois o politicamente correto da liberdade de expressão é mais poderoso que minha ânsia de liberdade humana; Sou ainda obrigado a ver o desejo de meus instintos e deixar-me controlar pelo império de minha consciência; Sou obrigado a perder meus olhares na busca de sentido dos tolos viajantes. Tolos sim! Para onde vão? Vão para qualquer lugar, mas ou estão voltando, ou sentem-se obrigados a voltar, ou ainda a ficar, mas nunca a chegar...
            Incomodam-me, as vezes, os viventes, pois violam minha privacidade sem eu lhes dar tal permissão. Incomoda-me sua privacidade, pois fadou-se ao mundo do virtual e reclama descrição no ambiente público que é infinito. Vou continuar a caminhar neste mundo, nesta história, nas praças e também no virtual... Vou voltar para casa da qual sou estrangeiro, portador de suas chaves, mas sem a certeza de poder adentrá-la.
Pobre de mim; pobre do amor que agora se tornou alguém sem importância; pobre dos fadados a virtualidade, pois estão condenados a prisão de selas infinitas e sem centro específico; pobre do caminho, pois já perdeu seus caminhantes e ficou sem poder levar estes ao seu lugar; pobre ainda do viajante, pois sou mais estrangeiro que sua clandestinidade; pobre de mim, pois sonhei em gerar e só vejo os outros a conceber e ter estrutura para isto. Queria aquela que me afastou-aproximou de Gabriela e ajudou-me a esquecer-lembrar do amor para cobrar-lhe os danos que causou neste ser que sou.



Jackson de Sousa Braga
3 de outubro de 2013. 12h30min.
Em: Conexão nupérrima


Obs: Respondendo: Falamos sozinhos e sentimo-nos idiotas, porém talvez esse seja o nosso principal modo de ser compreendido. 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

27 de agosto...


Este dia é bem especial para mim, pois somente nele lembro-me de três fatos, de cuja importância marcam minha história e vida, são eles: Dia de Santa Mônica, aniversário de morte de Dom Luciano Mendes de Almeida e dia do Psicólogo. Poderia ser sim para muitos um dia qualquer, entretanto para mim ele assume um significado especial, dando-me a lembrança de ações que são importantes para minha história pessoal e de meu compromisso com uma humanidade melhor e mais humana para todos.
            Em relação ao dia de Santa Mônica, posso lembrar-me de uma mulher de coragem e amor incondicional a seus. Ela que foi uma mãe de fé, dedicada para com o seus filhos e marido me adverti de meu compromisso de ser um bom membro em minha família, de dedicar-me no cuidado desse bem incomparável, dado por Deus a mim. Além disso, ela me lembra de minha responsabilidade de ser uma pessoa confiante no amor e na fé. Mônica destinou 32 anos de sua vida a orações por seu filho, Agostinho, o qual, após converter-se, dedicou-se aos estudos e diálogo entre a fé e a razão – merecendo o título de filósofo e Doutor da Igreja. Além disso, Mônica me ensina a não querer colocar-me como um manipulador da vontade de Deus, mas antes saber respeitar as etapas e processos de sua providência. Ela não foi uma pessoa conformada com a vida ou passiva em relação à situação, mas antes uma mulher empenhada com os exemplos e ativa em seus sonhos. Foi da intercessão dessa grande mãe que recebi um comunicado: "Agostinho gosta muito de você... Você está construindo sua casa e ela está ficando muito bonita, só que ultimamente você tem jogado algumas pedras nela." Ajude-me, querida padroeira, a ser cada vez mais um bom construtor de minha casa e um homem zeloso para com a mesma.

            Quanto a Dom Luciano Mendes de Almeida, posso lembrar-me de um homem de amor para com os mais necessitados. Dom Luciano foi e ouso dizer que ainda é um homem exemplar para nossas ações em relação aos outros. Lembro-me de inúmeros fatos que ele realizava e nos encantava com amor, mas principalmente de suas frases e ensinamentos – os quais vinham recheados de vivência sapiencial. Saliento aqui algumas de suas frases que sempre levo como propósito de ação: “Descobri que o céu é ver os outros felizes”: Essa frase nos indica que não podemos esperar a concretização de um Reino de Deus sem dedicarmo-nos a felicidade dos outros; “Se eles estão pedindo é porque necessitam!”: Essa frase me fora comunicada por uma de suas fiéis ajudantes, em Mariana-MG. Em tal enunciado, o inesquecível Bispo marianense nos lembrava da importância de nossas ações serem menos recheadas de desejos e propósitos de julgamento e serem mais ações solidárias de amor e acolhida; Deus é bom!”: Esta frase fora dita por ele, em meio ao sofrimento e nos lembra de nossa responsabilidade de percebermos a presença de Deus como alguém que acompanha-nos em busca da felicidade que não aluna o nosso ser humano – dotado de dores, sofrimentos, angústias etc. –, mas antes “é conosco” em meio a nossa humanidade de alegrias e tristezas, males e bens, prazeres e angústias... Tive pouquíssimos contatos com Dom Luciano, mas nestes poucos, peço a Deus que aquela benção que ele me dera: “Deus lhe abençoe! Tudo bem com você?” faça-me sempre mais um compromissado com a concretização desse tudo bem comigo e com o outro e me aproxime da maios benção de Deus: o Amor ao próximo como a mim mesmo.
            Finalmente, sobre o dia do psicólogo posso sentir-me feliz por estar me dedicando na entrada dessa dimensão de saber. Não sei se sou capacidade já para falar de tal ofício, pois ainda estou começando a conhecê-lo e aprender sobre seus propósitos, contudo dou-me aqui o direito de ousar em meu discurso.  Creio que essa profissão seja antes de tudo um desejo de ajudar o outro, principalmente em sua individualidade. Seu propósito maior é fazer de nosso encontro uma oportunidade de escuta do outro, acolhendo-o em suas palavras. Ao que me parece, o psicólogo é o profissional que se depara com o mal discursado por aquele que o teme e não o quer mais suportar e cabe a esse profissional a missão de acolher o outro e ajudá-lo. Nas aulas, estou me lembrando muito das palavras do Rubens Alves sobre a arte de ouvir, que tanto psicólogo precisa ter: “Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.” Talvez, esse seja a característica fundamental do psicólogo, a capacidade se saber silenciar-se e ouvir. Que eu aprenda sempre o silêncio, mestre da aprendizagem, e também a arte da escutatória.
            Concluindo, só posso pedir a Dom Luciano e a Santa Mônica que elevem, junto com meu amor, minhas preces a Deus, para que eu vivencie cada vez mais: o amor a meu bem maior, minha família, e também a oração verdadeira e sábia, cuidado/construindo de minha casa e protegendo-a; aprenda a amar o próximo com atos de amor; e a silenciar-me para/e ouvir. Santa Mônica e Dom Luciano, intercedam a Deus por nós!



JACKSON DE SOUSA BRAGA
Viçosa, 27 de agosto de 2013, 13h07min.
Dia de Santa Mônica
7º ano de falecimento de Dom Luciano M. Almeida
Dia do Psicólogo.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

A experiência do Luto...

"Disse Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá." (Jo 11, 25)


                Perdoem-me os enlutados que amam o silêncio, mas minhas palavras não gostam de ficar escondidas em meu íntimo e clamam pelo encontro do papel. Sou feliz pela vida dos que amam e pela alegria de seu viver, mas a dor da morte do outro nos faz refletir sobre esse grande mistério da vida e da morte e sua relação. Seria uma grande pretensão de minha parte falar nestas poucas palavras da morte e da vida, pois ambas são maiores do que minha capacidade reflexiva, contudo escolho dois verbos que fazem parte da vida e da morte, já lhes digo: O Nascer e o Enlutar-se...
                Quando nascemos, vivenciamos a experiência da perda do amado. Antes estávamos na sacralidade da proteção uterina, com todos os seus confortos e proteções. Perdemos o conforto do carinho e do calor que recebíamos naquele pequeno trono acolhedor. Não é em vão que ao nascermos já sabemos apenas chorar e normalmente esta é nossa primeira reação e é dela que nos valeremos todas as vezes que experienciarmos a dor da saudade. Sempre procuramos o outro amado com as lágrimas na percepção de nossa pequenez e na tristeza do sentimento de solidão. Resumindo: são as lágrimas nosso primeiro refúgio...
                Analogamente ao nascer, também na experiência do luto vivemos a perda de um(a) amado(a). Antes encontrávamos em sua presença nossas proteções afetivas, agora sentimos sua perda física e concerta. Surpreende-me a nossa incapacidade de esperar que o(a) amado(a) esteja fraco(a), doente  e que morra... Além disso, assim como no nascimento, nossa reação na experiência da perda é a das lágrimas, que são o sangue da alma nas palavras agostinianas. Nas lágrimas encontramos a força de nos revoltar com a perda e de pedirmos que o(a) amado(a) volte e não deixe que a saudade nos tome. Resumindo: são as lágrimas nosso primeiro refúgio...
                Porém, aqui existe um apêndice... Após o nascimento e a experiência das lágrimas, a criança é convidada a aprender a única coisa que poderá compensá-las, isto é, o sorrir. Nascemos dotados com ofício de chorar, mas a aprendizagem da arte de sorrir expressa nossa capacidade de encontrar na perda a nova força para prosseguir no crescimento. Continuando nossa analogia, na experiência de luto, temos que prolongar o amor aprendido do(a) amado(a). Nossa experiência aqui é de ressurreição, de voltar a viver o bem que o amor do perdido(a) nos fez...
                Concluindo, poderia dizer que a experiência de morte é análoga a de nascer, com todas as suas lágrimas e sofrimento de saudade e dor. Porém, depende de nós, fazermos com que os sorrisos infantis sejam também análogos ao fazer ressurgir do(a) amado(a), com toda a ressignificação de nosso futuro de lembranças amorosas.



JACKSON DE SOUSA BRAGA

No luto de tia Dora, 20 de junho de 2013.

terça-feira, 18 de junho de 2013

“Nossa vida no teu seio mais amores”

"Tenho medo da graça que passa e não volta mais" (Sto. Agostinho)

Quanta alegria invadiu meu coração ao ver meus irmãos, brasileiros, nas ruas de suas cidades. Eles uniam suas forças ao clamor de uma nação massacrada pelo domínio de uma mídia que deseja manipular-nos, contra a corrupção que invade os direitos constitucionais e humanos dos brasileiros, em protesto à má distribuição de renda em nossa nação... São inúmeros os clamores de nosso povo, mas não podemos deixar que esse sonho de liberdade e direitos melhores morra nos combates e/ou nas caminhadas.
            Nosso povo se levantou em luta: “Verás que o filho teu não foge a luta”, porém sem estar dotado de armas letais ou criminosas. Saliento que somos munidos de uma só arma e ela se encontrará nas urnas do ano de 2014. É hora de nos levantarmos contra o monopólio governamental de X ou Y partidos e candidatos. É momento de mostra que nosso congresso é realmente casa do povo e não simplesmente um local de nossos velhos exploradores – o congresso brasileiro chegou a fechar suas portas aos jornalistas, tendo a coragem de proibir-lhes de perguntarem diretamente aos(às) senadores(as) em momentos oportunos sobre questões cruciais ao povo.
            Ainda podíamos lembrar que é tempo de ergue a bandeira da justiça apaixonada e orgulhosa de ser brasileiro, ao invés de chamar o país de “porra” ou de “lixo”. É momento de perguntarmos que país é esse, mas sendo os muitos Paulo Freire’s, Santos Dumont’s, Tiradentes’s, Machado de Assis’s, Oscar Neimeyer’s, Silvio Santos’s... que arregaçaram suas mangas e fizeram do seu trabalho o motivo de alegria de todos os brasileiros. Devemos esquecer a inveja dos países desenvolvidos e tornar nossa história o principal motivo e força para transubstanciar nosso lar brasileiro.
            Finalmente, Chegou a oportunidade de fazer as principais revoluções de um país, a sabre: da educação e da saúde – assim como nos lembra Leonardo Boff. É hora de mostra que os estádios podem ficar vazios em jogos da seleção, mas as escolas devem ser recheadas de alunos apaixonados pelo saber. É nossa vida que está no seio do amor das vidas anônimas que se sacrificam dia-a-dia nos trabalhos cotidianos e fazem dessa nação uma instituição histórica. É o grande momento de nossa vida se configurar ao amor, cantado em nosso hino: “Nossa vida no teu seio mais amores”.





JACKSON DE SOUSA BRAGA
COM O CORAÇÃO EM MANIFESTO, 18 de junho de 2013.

sábado, 8 de junho de 2013

A Saudade...


“Fui me confessar ao mar. E o que ele me disse? Nada.”
(Lygia Fagundes Teles)



            Falar de saudade é falar de mim mesmo e do(a) outro(a), que tanto amo, em um só dialeto e expressão. Bendita seja a linguagem humana portuguesa, por poder expressar, em uma só palavra, a solidão de um coração. Porém, mais bendita é a memória afetiva que arde em seu sonho de encontrar o(a) amado(a) no seu presente, conforme a beleza do passado. Somos os grandes artífices da saudade e creio que somente ela pode fazer com que o outro seja eternizado em nossas emoções.
            A palavra saudade é de nossa “tirinha”, é da mesma “gema” brasileira que fomos formados. Originou-se do grande sentimento que afastava os português e negros de suas terras natais e de seus entes queridos, após a chegada das embarcações nessa Terra de Santa Cruz. Podiam eles perceber, lembrando das palavras de Exupéry, que “entre os homens a gente também se sente só”. Isto é, em meio a uma multidão, também podemos nos perder em uma solidão drástica e marcante – diga-se de passagem, que a palavra saudade deriva do latim solitáte, que significa solidão.
            Sendo assim, somos seres de saudades! Somos as mães e os pais a sentirem necessidade de estar com seus (suas) meninos(as) repousados(as) sobre o colo protetor-acolhedor do lar; somos os irmãos, a lembrar da alegria da diversão inocente e fraterna; somos os amigos a encontrar graça nas piadas antigas e contos marcantes; somos os amantes a rememorar o atraente sentimento da primeira troca de olhares e o doce sabor dos primeiros beijos... Somos as carinhosas lembranças do lugar marcante e do memorável objeto amado.
Quão bela é a saudade, filha da memória e neta do amor. Quão belo é seu desejo de fazer com que nos encontremos na multidão com as pessoas e não com os indivíduos. Quão belo é seu sorriso no encontro esperado e no afago do abraço forte. Quão digna é sua capacidade de continuar a ressurreição dos que já se foram com a separação mortal.
Ah... Caro(a) leitor(a), permita-me desculpar-me, pois não consigo falar desse sentimento, sem me perder no discurso sobre meus amados e minhas amadas... Talvez, seja impossível para eu falar ou separar nas palavras a homilia sobre a saudade e a homilia sobre os amados. Porém, fico feliz em ter podido dizer-lhe sobre quão esplêndida é a saudade que sinto dos meus amados e de minhas amadas e ainda sou grato pela capacidade de amar que a memória me dotou!

JACKSON DE SOUSA BRAGA
Na solidão das letras, 8 de junho de 2013, 23h03min.
DIA MUNDIAL DA SAUDADE