“Mestre, onde
morás?” (Jo 1, 38)
Como dizia o bom e sábio Aristóteles: “O ser humano
naturalmente tende ao saber” e, neste processo gnosiológico é inevitável seu
encontro com o professor, pois é através do ofício deste que o ser humano pode
apreender o novo e ao mesmo tempo descobrir sua necessidade de sempre aprender.
Pretendo aqui apresentar um pouco de minha reflexão sobre a raiz das palavras
Professor e Educação, mostrando a importância desse profissional em nossa existência
concreta e em nosso processo do saber.
A palavra educação deriva de dois verbos latinos: Educare e Educere, os quais apresentam sentidos importantes do processo
educacional na história humana.
Na
primeira palavra podemos perceber a meta essencial da educação: a relação com o
outro. Educare significa amamentar,
criar, alimentar. É durante o processo de criação e alimentação que aprendemos
a necessidade de reconhecer o outro como fundamental para a existência e
também a obrigação ética de respeito para com sua individualidade pessoal. Aqui
se destaca a figura básica da família e da importância de suas orientações e
exemplos de respeito, amor, valores éticos etc...
Já
o termo Educere significa conduzir (à
força) para fora. Este termo se origina da união das palavras ex e ducere,
e nos lembra o dever de – após a saída, estruturação e formações essenciais da Educare – partirmos para o novo mundo do
conhecer, o qual nos faz percebermo-nos como sabedores de nosso não-saber, ou
nas palavras de Sócrates: “Tudo que sei é que nada sei.” É aqui que entra a
importância do professor como aquele que oferece à humanidade sua valorosa
ajuda e suporte para que o outro caminhe com bons passos pelo mundo do saber.
Antes, porém, de falar dessa importância, faz-se necessário observar a etimologia da
palavra professor e seu sentido em nossa reflexão. A palavra professor vem
também de um verbo latino, profitare
que significa reconhecer publicamente. O termo profitare se dá na união dos termos pro (para fora, diante de todos) e fateri (reconhecer, confessar). Sendo assim, etimologicamente
podemos perceber que na função de professor já existe um dever ético altruísta,
pois seu ofício o obriga a entregar a todos - sem egoísmo - o seu saber, conhecendo-o junto aos outros novamente (re-conhecer é conhecer mais uma vez). O professor não é um
sofista que se pretende sabedor e conhecedor de tudo, mas antes alguém que
oferece seu conhecimento ao outro e que precisa aprender juntos com os outros o
que já sabe.
Após
essa reflexão sobre a etimologia da palavra professor, posso retomar a reflexão sobre a
importância do professor na educação Educere.
Conforme dito esta é um conduzir para fora e, tendo o professor o ofício de
conhecer junto com o(s) outro(s) o que sabe, cabe-lhe a condução de seus
epígonos para o mundo do saber. O professor aqui é um condutor e não o dono,
pois sua função se dá em uma postura de ajuda e esperança: Ajuda, pois ele não
se dá o direito de violar as etapas de cada indivíduo no processo de saber;
Esperança, pois sua pretensão não é ser maior que o seu discípulo, mas assim
como Aristóteles, pretende que seu aluno o supere e possa continuar esse
processo de suprassunção dialético-sapiencial-educacional.
Não posso deixar de salientar que a Educação Educare é fundamental para o ofício do professor. No processo de
condução e de oferta do saber não é possível forçar ninguém para que os receba,
mas antes que sejam livres para desejarem e tenderem ao saber. Além disso, o
professor não é figura materna/paterna para educare
os alunos e esta última figura devem assumir este seu ofício sem
depositá-lo em outros. Ao que percebemos, um dos principais problemas
contemporâneos da educação é a carência que as crianças e adolescentes têm das
figuras parentais e também da transmissão de valores éticos que estas podem
oferecer-lhes.
Para
não concluir, posso afirmar que hoje é mais um dia de lembrar a suma
importância dos amantes do saber que não o amam com uma paixão egoísta, mas
antes, que por um amor de razões que nem a própria razão é capaz de compreender
(parafraseando Pascal), conhecem novamente e conduzem seus epígonos a saber, de
uma forma totalmente altruísta, o doce sabor do conhecimento, que brilha, com
luz cintilante e encantadora, no céu do saber.
JACKSON
DE SOUSA BRAGA
Por um aluno/professor, 15 de
outubro de 2013, 16h46min.
Dia do Professor
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