“Eu prefiro
morrer a perder a vida!”
Ontem, Chespirito levou muito a
sério o famoso bordão do Sr. Madruga “Chaves, por que não vai brincar em outro
lugar!?” Como sempre, ele ficou ainda mais próximo do Sr. Madruga (Don Ramón) e
hoje começamos a ver o sempre menino “da juventude que nunca morrerá” a brincar
de eternidade com os anjos e com a Criança do presépio. Quem vai ousar se esquecer
do dramaturgo que, sem perder o ar da tragédia, transformou seus personagens em
filhos de uma sã comédia!? Roberto Gómez Bolaños ornou minha infância, adolescência
e maturidade com o encanto de uma criança pobre de roupas remendadas e com as
aulas de bravura dadas por um herói desengonçado. Por isso, quero agradecê-lo
hoje com essas “pequenitas” palavras de gratidão.
Como vou me esquecer de um homem que é sensível o
bastante para ver numa criança órfã, pobre e até mesmo sem nome, o motivo de
muitas alegrias, trapalhadas e lições? Devo agradecer ao Chaves, pelos inumeráveis
sorrisos que já tirou em meu rosto e pela meta-retórica de suas palavras. Sou
grato por ter sido condecorado com muitas brincadeiras atrapalhadas que, mesmo
machucando alguém, deixavam a felicidade acontecer ou ainda por sempre ter me
lembrado, ao assistir Chaves, que os melhores brinquedos são aqueles que
criamos com nossa imaginação. Não vou me esquecer de usar “zass, zass e ai a
gente vai” (palavras acompanhadas de movimentos constantes dos pés), cuja
alegria contagiava minha confiança; o “isso, isso, isso!” que me ensinou a asseverar
aquilo que meus desejos mais afirmavam em meu coração; e, por falar em desejo,
quem melhor me ensinou a ver que nossas vontades e atos estão recheados de
intenções desconhecidas para nosso consciente não foi Freud, mas antes o
pequeno Chaves que sempre se justificava: “Foi sem querer querendo!”
Sem querer querendo ainda, Chesperito me presenteou com a
felicidade de um herói humano, exageradamente humano. Diferente de todos os
heróis midiatizados cuja força, poderes e inteligência eram miraculosos e até
mesmo apavorantes, o bom Chapolin me ensinou que ser herói é disponibilizar-se
a ajudar, sempre se apresentando ao outro que clama: “Oh e agora quem poderá
nos ajudar? – Eu!”. Suas vitórias se davam pela coragem, pois o herói de
vermelho é medroso, assim como todos nós, e nos ensina que a coragem não é ser
destemido, mas sobretudo ser capaz de viver com o medo. Chapolin é símbolo de
minha gratidão, ao incrível Roberto Bolaños, por ter me ensinado que o heroísmo
é seguir, em nossa humanidade, o bem: “Sigam-me os bons!”
Ah, meu herói de vermelho que veste gorro e se torna
criança inominável, OBRIGADO! Escolhi o título, pensando no que você queria nos
dizer hoje: “Foi sem querer, querendo” que você se foi deste mundo, mas é
querendo, por querer que você fica em minha, nossa e na memória de toda a
humanidade como o homem que “prefere morrer a perder a vida” sustentada eternamente
com os muitos – muitos mesmo – personagens da história do povo
latino-americano.
“BOA NOITE,
CHAVES!”
JACKSON DE SOUSA BRAGA
Cartão
de São valentin, 29 de novembro de 2014
P.S.: Amo sanduíche de
presunto também!
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