In collo Matris Dei
Hoje é dia de render
graças a Deus, a vida, a amizade e a solidariedade que recebi a oito anos
atrás. Tenho uma gratidão especial a tantos que num dia como esse estavam
vivendo a intensidade de uma segunda feira com suas atividades escolares, seu
cansaço do primeiro dia de trabalho na semana e tantas outras coisas e se
dispuseram a ajudar-me a levantar do grande acidente de minha vida. Naquela
simples bicicleta descia eu por um lugar tão conhecido e que acabou em um acidente
grave que me custou alguns pontos na cabeça e um pedaço da mesma a um “gato”
(brincadeira do médico a minha mãe, ao comunicar a retirada do pedaço de osso
do meu crânio), mas também uma verdadeira experiência de valorização da vida.
Sim, aquela experiência fez-me ver o valor de cada
movimento de minha vida, ao inclinar-me e acabar batendo no chão e tendo pelo
menos 3 convulsões. Fez-me descobrir que ajuda solidária é um ato eticamente
humano, quando aquelas pessoas desconhecidas foram prestar-me os primeiros
socorros. Aquele pequeno tombo e grande acidente fez-me conhecer o poder da
oração de amigos e familiares em busca do meu próprio bem. Fez-me ainda
encontrar nas palavras de amor e sabedoria materna e paterna mais segurança do
que a inteligência calculista de alguns profissionais.
Por isso e muito mais, tenho gratidão a cada segundo vivo
e amo essa vida como nunca antes pude amá-la antes. Naquela madrugada, a
disponibilidade do médico e o carinho de todos que me amavam fez-me sobreviver
e dizer que queria continuar minha caminhada de descoberta de cada segundo
nesta existência, por isso me levantei logo após o procedimento cirúrgico e
quis correr num lugar que nem mesmo conhecia. Mas, acima disso tudo, o sono dos
medicamentos me fez descobrir que respeitar minha humanidade é amar os sonhos
novos e fascinantes que a história me preparava.
Por isso, aqui estou eu, neste dia, comemorando um novo
aniversário talvez. Gratidão e alegria à aquele momento e a todas as pessoas
(conhecidas e desconhecidas) ao ajudarem-me sem esperar nada em troca até
hoje. Mas, além disso, obrigado Meu Deus
humano, por me deixar acordar apenas no dia 10 de novembro e descobrir que o
melhor de todos aniversários poderia ser comemorado em um hospital – onde pude
ver que a vida é também composta de sofrimento, mas nem por isso deixou de ser
uma vida digna de ser amada. E ainda agradeço por ter-me esquecido de todas
aquelas quase 12 horas, pois assim tenho a liberdade de reinterpretá-las e
redescobri-las a todo momento.
JACKSON DE SOUSA
BRAGA
Lembrando o que não está em minha memória,
08 de novembro de 2012, 23h.
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