Se
a morte é uma certeza, a ressurreição é uma esperança! Afirma de forma profunda
o teólogo Andrés Torres Queiruga em um de seus escritos. Diante do fim
implacável e que a todos nós pertence, o convite é para que tenhamos esperança.
Esperança que espera. Esta atitude de esperar se concretiza na saudade. Não se
trata de fazer aqui um tratado
sobre Escatologia, nosso intuito
é bem outro, desejamos lhe mostrar que mesmo diante da morte de alguém, destino
inevitável, processo natural da vida, ainda é possível ter esperança. Todos
nós, você e eu, já perdemos alguém que amávamos; um amigo, um pai, uma mãe, um
irmão.
Frente
à dor de se ver a partida daqueles que faziam de algum modo, parte da nossa
vida, os quais compunham o mosaico do sentido mais profundo de nosso existir, o
sentimento primeiro que temos é o de impotência, ausência, orfandade, solidão! Uma
pergunta cresce dentro de nós, como continuar vivendo quando aquele (a) que
amávamos foi embora? Talvez não haja resposta para tal indagação, então o jeito
que teremos será construirmos uma resposta, a partir, é claro, do nosso jeito
de crer. É preciso estabelecer laços com a vida novamente, é preciso continuar
vivendo. Viver o luto do jeito certo é não permitir que ele perdure paralisando-nos
por toda a vida. O que nós podemos
fazer?
Ora,
podemos promover a ressurreição daquele que não mais está ao alcance dos nossos
olhos. Na medida em que reorganizamos o nosso luto, o nosso coração – pois, a
morte tem o dom de desconcertar a nossa casa afetiva, paralisando quem vai,
paralisando quem fica – estaremos, por assim dizer, promovendo a ressurreição
do amado (a). Dito de outro modo, a partir do nosso jeito de encarar e viver a
vida, não permitindo que a vida nos sepulte antes do tempo. Aqueles que os
nossos olhos não podem mais alcançar não poderão cair no esquecimento! Por
isso, faça o melhor que você pode, ame por ele (a).
Vale
dizer, a ressurreição é mais do que um cadáver retornar à vida. É uma
experiência que vai se estabelecendo em nosso coração, semelhante àquela vivida
pelos discípulos de Emaús, quando estes ao se depararem com um suposto
estrangeiro, sentiam seus corações arderem no peito, contando-lhes que Jesus
não havia ido embora de modo absoluto (cf. Lc 24,13-34). Tal experiência se
estabelece a partir do momento em que percebemos que o outro não morreu de
forma absoluta, assim poderemos dizer as mesmas palavras que expressamos com
relação ao Senhor da vida; “ele ou ela está no meio de nós!” Está porque vive
em nosso coração, já dizia alguém; aqueles que amamos nunca vão embora, porque
estarão sempre presentes em nossos corações.
Quer
um desafio? Acredite! Ouse descobrir quais marcas positivas aquele que você não
mais pode ver deixou em seu coração. Assim você descobrirá que o amado ou a
amada ainda permanece no meio de nós! É bom sempre lembrar: toda saudade já é
uma forma de presença.
JULIANO APARECIDO PINTO
In Memoriam, 01 de Novembro de 2013.
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