segunda-feira, 12 de março de 2012

Vivendo e morrendo...


“Suportando-me a mim mesmo!”

Estou aqui, na existência! Nunca pedi para vir aqui, nem mesmo desejei ser jogado onde estou. Compreendo-me como um homem insatisfeito, inquieto, angustiado, perdido... meu coração vive um momento de falta de sentido. Sim, sinto-me agora sem um bom sentido. Questiono-me em relação à presença de Deus e qual é a sua real função. Agora posso compreender esse homem absurdo que sou...

Sim, esse homem absurdo começa deixar-se compreender em minha existência. Começo a compreender o quanto me faz falta o doce beijo da mulher amada, o prazer de tocar suas curvas e de satisfazermo-nos... Sinto-me imerso na saudade de gozar o sopro da natureza, de encantar-me com brilho das estrelas, de saborear em minha pele a saciedade de um banho de chuva. Meu coração não é apaixonado com os sacrifícios e dores de um preceito ou lei, mas antes se rejubila nos prazeres do corpo e da vida. Sou um homem absurdo que deseja apenas aproveitar, com a maior intensidade possível, os prazeres e encantos da vida, sem pensar nas possíveis condenações futuras.

Entretanto, o mal está na existência! Todos esses desejos não passam de esperanças, que podem morrer e que muitas vezes nem se concretizam. Sim, o mal existe aqui! E não me venha com essas “babozeiras” e histórias sobre sua racionalização... Eu odeio o mal, mesmo sabendo que odiar já é um mal... Sou obrigado a sofrer e ter que suportar àquele “outro infernal de Sartre”, mesmo o amando como o “outro de Levinas”... Vivo isto, que muitos chamam de vida e que eu estou jogado...

A cada dia me revolto com o meu e o sofrimento alheio... Não me venha também com aquelas chantagens emocionais onde devo suportar o meu sofrimento, a exemplo do outro... Sou pregador dessa linda exortação afetiva e como diz o próprio termo: “prego”, ao invés de “receber a pregação”... agora só tenho desejos e como desejaria satisfazê-los e encontrar-me com o único gozo que encontro nessa vida...

Ah, chega! Ficar comigo mesmo e curtir o silêncio que me ensinaram é bom, mas cansa – tem vezes... Por isso, vou em busca desses desejos. Com certeza não terei todos satisfeitos, mas agora o que me cabe e é possível, eu quero. Ah! Se não gostou ou achou-me um louco solipsista, então espere o dia de seus próprios assombros e compreenda. Mas, se ainda achar-me um ateu ou ainda um mimado vagabundo... posso sê-lo, não ligo! Ou melhor, ligo sim e me revolto com você também!

JACKSON DE SOUSA BRAGA

Indiferente, 11 de março de 2012

P.S.: Ainda tenho que suportar esta consciência ética? Sim tenho! E ela não quer deixar-me imergir nos prazeres que desejo.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Saindo do mundo!?


"não existe pátria para quem desespera e, quanto a mim, sei que o mar me precede e me segue, e minha loucura está sempre pronta. Aqueles que se amam e são separados podem viver sua dor, mas isso não é desespero: eles sabem que o amor existe. Eis porque sofro, de olhos secos, este exílio. Espero ainda. Um dia chega, enfim." (Albert Camus)

Já ouvi: “o meu reino não é deste mundo!” e “o meu reino é deste mundo!” Já ouvi também que “somos outro em relação a nós mesmo!” e que “o outro é um eu”. Diante de tais frases enunciadas me pergunto: Foi, é ou será?... sim essa é minha pergunta; é uma pergunta humana, com palavras humanas e conhecimento pequeno. Gostaria de descobrir com ela se o meu mundo ou melhor o outro mundo faz parte de mim...

Deixe-me explicar melhor: meus questionamentos vão em direção a descoberta deste mundo que está me perguntando e fazendo-me perguntar sobre os motivos de me encontrar nele; encontro-me perdido em meus dias e noites... não sei mais rezar, não sei mais ser paciente, tem horas que duvido até de minha capacidade de amar... só sei olhar para essa vida como um terceiro, que quer compreender o autor, sem nem mesmo ter compreendido o enunciado e a linguagem da obra. Sou um perdido! Um vagabundo das descobertas... Mas, alguém que sabe amá-las como nenhum outro amante poderia amar...

Sou um filho das buscas gregas, das angústias patrísticas, da dúvida moderna e das incertezas contemporâneas... sou tudo isso ao mesmo tempo! Sou esse ser jogado no tempo e que não acredita em sua existência... talvez duvide da minha própria... sinto falta dos beijos ao a descobrir a beleza da Coragem... Sinto falta da amizade que sorri ao lembrar-se das diversões do passado e que sofre junto os padecimentos... sinto falta, até mesmo, dos momentos de solidão e do silêncio ao descobrir...

Ah! Quanta saudade do meu namoro das estrelas... da contemplação da lua e da percepção do infinito... Perguntam-me se me arrependo deste passado? Talvez. Talvez de não tê-lo vivido com maior intensidade! Mas, não gostaria de sofrê-lo novamente... Só queria que os melhores sonhos dele viessem a se realizar neste presente e que o encanto do futuro sonhado fosse já palpável no agora...

Sim, esse é o desejo de todos! Mas, eu não desejo que venha na facilidade do dia a dia e sim na luta e no suor de todos os dias... desejo batalhar, como um guerreiro, mas só que sem armas... enfim, sou o que foi, sendo o que é e que busca o será... em tudo isso, vou levando essa vida e/ou essa vida me levando, para onde? Não sei... mas, com certeza, ouso dizer: QUEM NÃO SABE O CAMINHO DEVE CONTINUAR CAMINHANDO...

Jackson de Sousa Braga

Itabirito, 2 de março de 2012

Dia Nacional do Turismo