quinta-feira, 20 de junho de 2013

A experiência do Luto...

"Disse Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá." (Jo 11, 25)


                Perdoem-me os enlutados que amam o silêncio, mas minhas palavras não gostam de ficar escondidas em meu íntimo e clamam pelo encontro do papel. Sou feliz pela vida dos que amam e pela alegria de seu viver, mas a dor da morte do outro nos faz refletir sobre esse grande mistério da vida e da morte e sua relação. Seria uma grande pretensão de minha parte falar nestas poucas palavras da morte e da vida, pois ambas são maiores do que minha capacidade reflexiva, contudo escolho dois verbos que fazem parte da vida e da morte, já lhes digo: O Nascer e o Enlutar-se...
                Quando nascemos, vivenciamos a experiência da perda do amado. Antes estávamos na sacralidade da proteção uterina, com todos os seus confortos e proteções. Perdemos o conforto do carinho e do calor que recebíamos naquele pequeno trono acolhedor. Não é em vão que ao nascermos já sabemos apenas chorar e normalmente esta é nossa primeira reação e é dela que nos valeremos todas as vezes que experienciarmos a dor da saudade. Sempre procuramos o outro amado com as lágrimas na percepção de nossa pequenez e na tristeza do sentimento de solidão. Resumindo: são as lágrimas nosso primeiro refúgio...
                Analogamente ao nascer, também na experiência do luto vivemos a perda de um(a) amado(a). Antes encontrávamos em sua presença nossas proteções afetivas, agora sentimos sua perda física e concerta. Surpreende-me a nossa incapacidade de esperar que o(a) amado(a) esteja fraco(a), doente  e que morra... Além disso, assim como no nascimento, nossa reação na experiência da perda é a das lágrimas, que são o sangue da alma nas palavras agostinianas. Nas lágrimas encontramos a força de nos revoltar com a perda e de pedirmos que o(a) amado(a) volte e não deixe que a saudade nos tome. Resumindo: são as lágrimas nosso primeiro refúgio...
                Porém, aqui existe um apêndice... Após o nascimento e a experiência das lágrimas, a criança é convidada a aprender a única coisa que poderá compensá-las, isto é, o sorrir. Nascemos dotados com ofício de chorar, mas a aprendizagem da arte de sorrir expressa nossa capacidade de encontrar na perda a nova força para prosseguir no crescimento. Continuando nossa analogia, na experiência de luto, temos que prolongar o amor aprendido do(a) amado(a). Nossa experiência aqui é de ressurreição, de voltar a viver o bem que o amor do perdido(a) nos fez...
                Concluindo, poderia dizer que a experiência de morte é análoga a de nascer, com todas as suas lágrimas e sofrimento de saudade e dor. Porém, depende de nós, fazermos com que os sorrisos infantis sejam também análogos ao fazer ressurgir do(a) amado(a), com toda a ressignificação de nosso futuro de lembranças amorosas.



JACKSON DE SOUSA BRAGA

No luto de tia Dora, 20 de junho de 2013.

terça-feira, 18 de junho de 2013

“Nossa vida no teu seio mais amores”

"Tenho medo da graça que passa e não volta mais" (Sto. Agostinho)

Quanta alegria invadiu meu coração ao ver meus irmãos, brasileiros, nas ruas de suas cidades. Eles uniam suas forças ao clamor de uma nação massacrada pelo domínio de uma mídia que deseja manipular-nos, contra a corrupção que invade os direitos constitucionais e humanos dos brasileiros, em protesto à má distribuição de renda em nossa nação... São inúmeros os clamores de nosso povo, mas não podemos deixar que esse sonho de liberdade e direitos melhores morra nos combates e/ou nas caminhadas.
            Nosso povo se levantou em luta: “Verás que o filho teu não foge a luta”, porém sem estar dotado de armas letais ou criminosas. Saliento que somos munidos de uma só arma e ela se encontrará nas urnas do ano de 2014. É hora de nos levantarmos contra o monopólio governamental de X ou Y partidos e candidatos. É momento de mostra que nosso congresso é realmente casa do povo e não simplesmente um local de nossos velhos exploradores – o congresso brasileiro chegou a fechar suas portas aos jornalistas, tendo a coragem de proibir-lhes de perguntarem diretamente aos(às) senadores(as) em momentos oportunos sobre questões cruciais ao povo.
            Ainda podíamos lembrar que é tempo de ergue a bandeira da justiça apaixonada e orgulhosa de ser brasileiro, ao invés de chamar o país de “porra” ou de “lixo”. É momento de perguntarmos que país é esse, mas sendo os muitos Paulo Freire’s, Santos Dumont’s, Tiradentes’s, Machado de Assis’s, Oscar Neimeyer’s, Silvio Santos’s... que arregaçaram suas mangas e fizeram do seu trabalho o motivo de alegria de todos os brasileiros. Devemos esquecer a inveja dos países desenvolvidos e tornar nossa história o principal motivo e força para transubstanciar nosso lar brasileiro.
            Finalmente, Chegou a oportunidade de fazer as principais revoluções de um país, a sabre: da educação e da saúde – assim como nos lembra Leonardo Boff. É hora de mostra que os estádios podem ficar vazios em jogos da seleção, mas as escolas devem ser recheadas de alunos apaixonados pelo saber. É nossa vida que está no seio do amor das vidas anônimas que se sacrificam dia-a-dia nos trabalhos cotidianos e fazem dessa nação uma instituição histórica. É o grande momento de nossa vida se configurar ao amor, cantado em nosso hino: “Nossa vida no teu seio mais amores”.





JACKSON DE SOUSA BRAGA
COM O CORAÇÃO EM MANIFESTO, 18 de junho de 2013.

sábado, 8 de junho de 2013

A Saudade...


“Fui me confessar ao mar. E o que ele me disse? Nada.”
(Lygia Fagundes Teles)



            Falar de saudade é falar de mim mesmo e do(a) outro(a), que tanto amo, em um só dialeto e expressão. Bendita seja a linguagem humana portuguesa, por poder expressar, em uma só palavra, a solidão de um coração. Porém, mais bendita é a memória afetiva que arde em seu sonho de encontrar o(a) amado(a) no seu presente, conforme a beleza do passado. Somos os grandes artífices da saudade e creio que somente ela pode fazer com que o outro seja eternizado em nossas emoções.
            A palavra saudade é de nossa “tirinha”, é da mesma “gema” brasileira que fomos formados. Originou-se do grande sentimento que afastava os português e negros de suas terras natais e de seus entes queridos, após a chegada das embarcações nessa Terra de Santa Cruz. Podiam eles perceber, lembrando das palavras de Exupéry, que “entre os homens a gente também se sente só”. Isto é, em meio a uma multidão, também podemos nos perder em uma solidão drástica e marcante – diga-se de passagem, que a palavra saudade deriva do latim solitáte, que significa solidão.
            Sendo assim, somos seres de saudades! Somos as mães e os pais a sentirem necessidade de estar com seus (suas) meninos(as) repousados(as) sobre o colo protetor-acolhedor do lar; somos os irmãos, a lembrar da alegria da diversão inocente e fraterna; somos os amigos a encontrar graça nas piadas antigas e contos marcantes; somos os amantes a rememorar o atraente sentimento da primeira troca de olhares e o doce sabor dos primeiros beijos... Somos as carinhosas lembranças do lugar marcante e do memorável objeto amado.
Quão bela é a saudade, filha da memória e neta do amor. Quão belo é seu desejo de fazer com que nos encontremos na multidão com as pessoas e não com os indivíduos. Quão belo é seu sorriso no encontro esperado e no afago do abraço forte. Quão digna é sua capacidade de continuar a ressurreição dos que já se foram com a separação mortal.
Ah... Caro(a) leitor(a), permita-me desculpar-me, pois não consigo falar desse sentimento, sem me perder no discurso sobre meus amados e minhas amadas... Talvez, seja impossível para eu falar ou separar nas palavras a homilia sobre a saudade e a homilia sobre os amados. Porém, fico feliz em ter podido dizer-lhe sobre quão esplêndida é a saudade que sinto dos meus amados e de minhas amadas e ainda sou grato pela capacidade de amar que a memória me dotou!

JACKSON DE SOUSA BRAGA
Na solidão das letras, 8 de junho de 2013, 23h03min.
DIA MUNDIAL DA SAUDADE