sábado, 21 de julho de 2012

"País das Lágrimas"


Hoje, eu estava lendo o livro do Pequeno Príncipe e me deparei com o “país das lágrimas”. Somos, enquanto animais humanos, os senhores das lágrimas e amante das mesmas. Na maioria de nossas experiências (físicas, psíquicas e espirituais) trazemos as lágrimas como uma reação. Além disso, somos seres que vem a chorar (trazer lágrimas) para nascermos da melhor forma possível. Somos amantes das lágrimas e também fugitivos das mesmas.
                Somos amantes das lágrimas, porque acreditamos que elas são nossas válvulas de escape. Acreditamos no seu poder de limpar nossas almas das dores da existência. Acreditamos que as lágrimas carregam no olhar a contrição do erro e a vitória do justo. Amamos as lágrimas pela sua capacidade em expressar a nossa confiança na misericórdia do (O)outro. Encontramos nelas a explosão da vitória trabalhosa e a confiança do suor bem empenhado. Enfim, somos amantes das lágrimas, pois sabemos que elas são a melhor forma de tornar físico o que não pode ser físico.
                Porém, somos também fugitivos! Fugimos de sua capacidade de manter viva a dor e a angústia de dias sombrios. Santo Agostinho tinha o costume de dizer que “as lágrimas são o sangue da alma” e acredito que o dizia para nos lembrar da capacidade que elas têm de nos retirar a vivacidade de nosso ânimo. É através delas também que expressamos a ira de corações escravizados pelo ódio, pelos ciúmes e pela raiva. Enfim, somos fugitivos das lágrimas, porque tememos o seu poder de tornar expresso o mal nas linhas de nossa face.
                Minhas palavras agora querem se voltar para o sussurro que os gemidos humanos carregam junto às lágrimas. Ouça-me, ó lágrimas, que escutarem ou lerem essas palavras: Sou um suspeito! Sou suspeito de soluçar esperanças mortas, prazeres frios, paixões cheias de cobiça... também sou suspeito de chorar as conquistas laboriosas, o nascer do amado, o amor difundido... Contudo, não sei bem o motivo de cada lágrima. Porém, não deixo de acreditar que um dia vou desvendar seus mistérios e encontrar, como um pequeno príncipe, o revelar-se do oculto de sua fonte: “É tão misterioso o país das lágrimas”.
                Diante de minhas próprias palavras – ousadas talvez pela minha culpabilidade suspeita – só me resta o doce e amargo silêncio da solidão. Tenho a certeza de que as gotas de sangue jorrarão do coração de minha alma, porém a confiança nos doces sentimentos e nas alegrias  esperançosas alimentarão minha confiança na existência.



Jackson de Sousa Braga
Na solidão silenciosa,  21 de julho de 2012 (22h13min)

segunda-feira, 12 de março de 2012

Vivendo e morrendo...


“Suportando-me a mim mesmo!”

Estou aqui, na existência! Nunca pedi para vir aqui, nem mesmo desejei ser jogado onde estou. Compreendo-me como um homem insatisfeito, inquieto, angustiado, perdido... meu coração vive um momento de falta de sentido. Sim, sinto-me agora sem um bom sentido. Questiono-me em relação à presença de Deus e qual é a sua real função. Agora posso compreender esse homem absurdo que sou...

Sim, esse homem absurdo começa deixar-se compreender em minha existência. Começo a compreender o quanto me faz falta o doce beijo da mulher amada, o prazer de tocar suas curvas e de satisfazermo-nos... Sinto-me imerso na saudade de gozar o sopro da natureza, de encantar-me com brilho das estrelas, de saborear em minha pele a saciedade de um banho de chuva. Meu coração não é apaixonado com os sacrifícios e dores de um preceito ou lei, mas antes se rejubila nos prazeres do corpo e da vida. Sou um homem absurdo que deseja apenas aproveitar, com a maior intensidade possível, os prazeres e encantos da vida, sem pensar nas possíveis condenações futuras.

Entretanto, o mal está na existência! Todos esses desejos não passam de esperanças, que podem morrer e que muitas vezes nem se concretizam. Sim, o mal existe aqui! E não me venha com essas “babozeiras” e histórias sobre sua racionalização... Eu odeio o mal, mesmo sabendo que odiar já é um mal... Sou obrigado a sofrer e ter que suportar àquele “outro infernal de Sartre”, mesmo o amando como o “outro de Levinas”... Vivo isto, que muitos chamam de vida e que eu estou jogado...

A cada dia me revolto com o meu e o sofrimento alheio... Não me venha também com aquelas chantagens emocionais onde devo suportar o meu sofrimento, a exemplo do outro... Sou pregador dessa linda exortação afetiva e como diz o próprio termo: “prego”, ao invés de “receber a pregação”... agora só tenho desejos e como desejaria satisfazê-los e encontrar-me com o único gozo que encontro nessa vida...

Ah, chega! Ficar comigo mesmo e curtir o silêncio que me ensinaram é bom, mas cansa – tem vezes... Por isso, vou em busca desses desejos. Com certeza não terei todos satisfeitos, mas agora o que me cabe e é possível, eu quero. Ah! Se não gostou ou achou-me um louco solipsista, então espere o dia de seus próprios assombros e compreenda. Mas, se ainda achar-me um ateu ou ainda um mimado vagabundo... posso sê-lo, não ligo! Ou melhor, ligo sim e me revolto com você também!

JACKSON DE SOUSA BRAGA

Indiferente, 11 de março de 2012

P.S.: Ainda tenho que suportar esta consciência ética? Sim tenho! E ela não quer deixar-me imergir nos prazeres que desejo.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Saindo do mundo!?


"não existe pátria para quem desespera e, quanto a mim, sei que o mar me precede e me segue, e minha loucura está sempre pronta. Aqueles que se amam e são separados podem viver sua dor, mas isso não é desespero: eles sabem que o amor existe. Eis porque sofro, de olhos secos, este exílio. Espero ainda. Um dia chega, enfim." (Albert Camus)

Já ouvi: “o meu reino não é deste mundo!” e “o meu reino é deste mundo!” Já ouvi também que “somos outro em relação a nós mesmo!” e que “o outro é um eu”. Diante de tais frases enunciadas me pergunto: Foi, é ou será?... sim essa é minha pergunta; é uma pergunta humana, com palavras humanas e conhecimento pequeno. Gostaria de descobrir com ela se o meu mundo ou melhor o outro mundo faz parte de mim...

Deixe-me explicar melhor: meus questionamentos vão em direção a descoberta deste mundo que está me perguntando e fazendo-me perguntar sobre os motivos de me encontrar nele; encontro-me perdido em meus dias e noites... não sei mais rezar, não sei mais ser paciente, tem horas que duvido até de minha capacidade de amar... só sei olhar para essa vida como um terceiro, que quer compreender o autor, sem nem mesmo ter compreendido o enunciado e a linguagem da obra. Sou um perdido! Um vagabundo das descobertas... Mas, alguém que sabe amá-las como nenhum outro amante poderia amar...

Sou um filho das buscas gregas, das angústias patrísticas, da dúvida moderna e das incertezas contemporâneas... sou tudo isso ao mesmo tempo! Sou esse ser jogado no tempo e que não acredita em sua existência... talvez duvide da minha própria... sinto falta dos beijos ao a descobrir a beleza da Coragem... Sinto falta da amizade que sorri ao lembrar-se das diversões do passado e que sofre junto os padecimentos... sinto falta, até mesmo, dos momentos de solidão e do silêncio ao descobrir...

Ah! Quanta saudade do meu namoro das estrelas... da contemplação da lua e da percepção do infinito... Perguntam-me se me arrependo deste passado? Talvez. Talvez de não tê-lo vivido com maior intensidade! Mas, não gostaria de sofrê-lo novamente... Só queria que os melhores sonhos dele viessem a se realizar neste presente e que o encanto do futuro sonhado fosse já palpável no agora...

Sim, esse é o desejo de todos! Mas, eu não desejo que venha na facilidade do dia a dia e sim na luta e no suor de todos os dias... desejo batalhar, como um guerreiro, mas só que sem armas... enfim, sou o que foi, sendo o que é e que busca o será... em tudo isso, vou levando essa vida e/ou essa vida me levando, para onde? Não sei... mas, com certeza, ouso dizer: QUEM NÃO SABE O CAMINHO DEVE CONTINUAR CAMINHANDO...

Jackson de Sousa Braga

Itabirito, 2 de março de 2012

Dia Nacional do Turismo

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O encanto das flores e o doce perfume da família



A família é o maior bem de toda a sociedade. Todo ser humano precisa de estar vivo e ativo em uma família. Acredito que vale a pena comparar a família com um jardim, pois tem o grande encanto de seu perfume e flores, os quais nos preparam para oferecer aos outros a beleza e amizade de nosso ser.

Antes de plantar um jardim, os jardineiros e jardineiras precisam conhecer o ambiente, escolher a terra, selecionar o adubo necessário, olhar os tempos e estações do ano apropriadas para o plantio... Quando atingirem o momento certo acontece o plantio que vem acompanhado de um aprofundamento da terra pela semente. Os jardineiros (as) têm que estar atentos ao todos os momentos das plantas, sabendo em que momento nasce o broto; quando ele precisa de água, de adubo, de sol, de proteção, de poda, de capina etc. Em seguida, quando a flor se desenvolve, ela precisa se proteger a si própria; ela precisa criar as mais belas rosas que puder oferecer ao mundo; ela anseia buscar as mais profundas raízes para encontrar o sustento e forças necessárias para se manter de pé; finalmente, ela deve criar mais sementes para que possa propagar seus encantos pelos jardins do mundo.

Mas, às vezes, existem momentos de chuvas fortes. As chuvas vêm acompanhadas de grandes ventos e exoradas, cuja força tenta destruir e danificar toda a planta. No início da caminhada cabe aos jardineiros (as) cuidar e zelar para que não se perca nenhuma de suas plantas. Porém, após o fortalecimento e estabilidade do caule, a planta se incumbe de se proteger e de proteger cada flor que puder oferecer ao mundo. Destaca-se que as chuvas são boas, porque enchem a terra de nutrientes e mandem sua umidade. Além disso, prepararam e ensinam as flores para as próximas chuvas que virão.

A família é como um jardim! O homem e a mulher precisam se conhecer, preparar um lar, escolher os melhores sonhos juntos, olhar o momento certo da união e da geração... Quando atingirem o momento da união e formação do lar, unem-se no plantio que vem acompanhado do encontro de amor entre as virtudes do casal e a fragilidade de suas pessoas. É graças à atenção que dispensam a sua união e ao solo de seu lar que se originam os frutos de seu amor, pequenos e frágeis no momento do nascimento, por isso necessitam tanto reforço, amor e carinho do homem e da mulher. Esses pequenos seres necessitam do leite maternal que além de alimento dispensa o carinho maternal; do sustento que o amor paternal entrega com o suor de seu trabalho, cheio da benevolência paterna; e diante do frio, das carências e dores, sua bondade será a certeza e convicção de melhor remédio. Quando esses frutos crescem são convidados a oferecer alegrias aos seus criadores, cujo amor e serviço continua firme e fiel.

Mas, às vezes, existem os momentos de sofrimentos em suas vidas. Essas dores e sofrimentos causam muita tristeza, cuja força é temida por todos, pois abala as estruturas mais fundamentais da família. O fundadores da família são chamados a serem sinal de união e exemplo para seus frutos e mesmo diante do erros uns dos outros devem se dedicar para se entender. Porém, após o desenvolvimento daqueles frutos, os pilares podem ter algumas dores e sofrimentos causados pelos frutos e ambos precisam mostrar o respeito e dedicar-se em melhorar sempre – tendo sempre em vista a união e a fortaleza que são os melhores filhos do amor.

Portanto, só posso dizer que uma família que se aprofunda no solo do amor só pode gerar flores cheias de brilho; jardins encantadores, por sua beleza; filhos que poderão oferecer sementes da melhor qualidade; enfim, a família é como um jardim, porque é capaz de manter em todos os tempos as mais lindas paisagens, cujo fruto são os melhores perfumes da dedicação, da fortaleza, da segurança e, prioritariamente, do AMOR.

Jackson de Sousa Braga

Ouro Preto, 18 de setembro de 2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Um 10 de novembro diferente!

Ano passado escrevi, no meu aniversário, o “Mais um 10 de novembro...”. Este ano não tinha planos de escrever nada, porém devido às particularidades que aconteceram, decidi escrever para deixá-las digitadas nos traços de minha história.

Todos os anos anteriores, lembrei-me do temor que a morte traz, visto que todo aniversário é um momento que se celebra a maior proximidade da morte. Entretanto esse ano me motivou a rever um pouco essa tristeza e tornar-me um maior positivista em relação a esse momento. Gostaria de expressar em poucas palavras as alegrias que pude passar esse ano e deixá-las como uma motivação de vida.

Num primeiro aspecto, gostaria de expressar a alegria de viver. É verdade que cada ano é um ano mais próximo da morte, porém, observando de outra perspectiva, é também um momento de se celebrar a oportunidade de mais um ano de vida. Quanto maior é nossa idade, maior é nossa oportunidade de estar junto à existência e à vida. É um momento a mais para existir com o amor, com as alegrias, com as descobertas. É bem verdade que a dor, o sofrimento e as angústias existem também, entretanto vejo-lhes e percebo-lhes como constituição de minha vida. É impossível eu tirá-los de minha existência, contudo eles me fazem viver a busca do sentido de minha existência. Eu só posso buscar o sentido, quando eles me motivam a viver a busca.

Além disso, comemorar mais um ano de vida é uma oportunidade de festejar a vida de nossos amados. Tenho mais um ano de vida hoje e sei que é a presença de tantas pessoas que fizeram com que eu chegasse até aqui. Vejo, no olhar de minha mãe, a confiança e alegria de completar a realização de meu sorriso. No olhar de meu pai, vejo o apoio e alegria de poder sempre ensinar e ajudar. No olhar dos grandes amigos e irmãos, percebo a alegria de serem motivadores de minha alegria.

Porém, só tenho uma reclamação com a natureza e com Deus: Onde está a chuva? Sei que desejaram me dar a graça de ver as Estrelas e a Lua, das quais sou um eterno amante. Porém, a chuva sempre é a marca registrada deste dia. No meu texto do ano passado afirmo: AMO NOVEMBRO: Por ser meu, por ser o mais lindo com suas chuvas e por me preparar para o fim que se aproxima subitamente... Sua presença, minha querida chuva, fazia-me ver as graças de um caminho de colheitas; a abundância do amor de Deus que manda suas graças do céu; o meu contato com a natureza em seus banhos; as lembranças de infância e adolescência; finalmente, fazia-me perceber que você é minha fiel e escudeira amiga de caminhada, principalmente rumo a Viçosa...kkkkk

Mas, enfim, eu sou tudo isso! Sou feliz pela presença de meus amigos, sejam eles próximos ou afastados; sou um encontro de realizações do amor que me faz buscar as conquistas de um ideal maravilhoso; sou um filho que encontra o seu maior presente: O AMOR; sou um irmão que sabe do fraternal amar; sou um amigo que sabe das grandes presenças. MUITO OBRIGADO A TODOS!

JACKSON DE SOUSA BRAGA

Mariana, 10 de novembro de 2011

Por ocasião de um aniversário sem a chuva!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Estive num hospital

UMA EXPERIÊNCIA MÍSTICA



‘procuro Deus! Procuro Deus?’ (Niezsche)

Prezado a gente, saudações!

Não é necessária uma lanterna, nem muito menos um mercado para sairmos à procura de Deus!

O que precisa?

Já lhe respondo. Só o ser humano, aquele de que você chamava de rio turvo, o qual passa pelas pedras e cai em milhares de abismos. Tem vida e tem morte. Recebe os outros, sejam bons ou não... enfim, esse que caminha sobre a terra, cheio do profundo e do raso; da correria e da mansidão; mas, principalmente de sopro e de água.

Ontem, eu estive em um hospital. Tem o nome de hospital da baleia. Sugestivo o nome, porque a baleia vive nas águas e necessita do sopro para manter seus pulmões. Mas, eu queria destacar o contato com o humano que pude ter. Você deve saber que encontrar com o humano é ver a fraqueza e a grandeza; é constatar o imanente e o absoluto de cada pessoa; é saber de cada necessidade, de cada fartura... Sim, eu vi o humano e procurei pelo divino, procurei pelo que há de melhor nessa vida, procurei pelo bem diante do mal e do sofrimento...

Eu vi olhos que choravam, eu vi as lágrimas da dor, eu vi um olhar que procurava descanso do sofrimento. Sim! Eu vi duas amantes em lágrimas. Ambas poderiam ser amiga, irmã, filha... uma talvez mãe... elas choravam as lágrimas da pessoa que ama, que não suporta ver a dor do(a/s) bem amado(a/s). Tive vontade de olhar para seus olhos, tirar suas lágrimas. Porém, como o divino, só era mais um ali. Eu estava lá, mas minhas mãos estavam atadas a minha falta de poder. Desejava ser herói, mas não passava de uma vítima. Suas lágrimas estavam caindo, como se fosse, em meus olhos. Contudo, meu olhar era só passageiro em suas histórias... Ah! Se você acredita que impossível ver o sofrimento, convido-o a ir até um hospital, como este que fui, e ver que o sofrimento tem rosto, tem olhos, tem boca... é em tudo como você, como eu...

Eu ainda ouvi as palavras que procuravam consolar... ouvi as orações dos sofredores... ouvi o gemido da dor... sim, eu tinha audição. Procurava encontrar as palavras certas, mas era vez de meus ouvidos e não de minha boca. Eu ouvi o que sofre dizer sua dor. Eu ouvi a humanidade ser só humana! Repito a afirmação quanto ao sofrimento: “se você acredita que o sofrimento não pode ser ouvido, então até lugares onde pessoas gritam pela dor e ouvirá o seu som. Sim, eu ouvi a voz do que socorre dizer que estava fazendo o que podia. Eu ouvi o medo da que partia. Para onde? Não sei, mas ela partia...

Eu era mudo... minhas palavras de nada adiantavam. Só estava lá! Falava, mas era tudo inútil... eu perguntava pelo sofrimento e o recebi – codificado em palavras. Minha filosofia, minha teologia, minha psicologia eram inúteis diante do Sofrimento. O que importava era ser médico, era saber curar... só os “curados” podem cuidar dos que não estão curados.

Deus, Jesus, Espírito Santo, a gente... onde vocês estavam? Em mim? Entretanto, minha pergunta permanece diante de seu poder... eu não sou onisciente, eu não sou onipotente, eu não sou onipresente... sou apenas humano! Condenado ao sofrimento, a dor, a morte. Tentava eu compreender porque viver o sofrimento...

Éramos nós apenas...

Eu ouvi outra resposta, ainda. Havia alguém que amava e desejava o bem, porém não queria mais ver o sofrimento do bem amado. Eu não entendo Deus e muito menos você, a gente! Eu me pergunto o porquê disso tudo. O sofrimento de onde veio? Porque está ai? Sim, ele está! Você e Deus já o viveram, mas não o solucionaram... Eu me tornei humano, mas não o suficiente para entender o sofrimento...

Diante disto, só me resta o caos que vivo nesse momento. Sim, caos! O sofrimento não pode gerar outra coisa, senão o caos do físico, do psíquico e do espiritual. Um tal de Zaratustra me disse uma vez que: “é preciso ter um caos dentro de si, para dar `a luz uma estrela cintilante”... então só me resta lhe anunciar, prezado “a gente”, “Saudades daquela estrela”!

JACKSON DE SOUSA BRAGA

Depois do “Hospital da Baleia”, 21 de outubro de 2011

sábado, 13 de agosto de 2011

UM HERÓI DEMASIADO HUMANO: PAI


O Ser humano necessita da presença paterna. A figura do pai surge em nossas vidas mostrando que todos necessitamos de alguém que nos ensine a ser fortes e liderantes, principalmente a frente de nossa história e de nosso cotidiano. O pai tem a função, na família, de exercer a liderança, mas não como um ditador e sim como um mestre disposto ao serviço e amor junto a sua família. Pai tem que ser a figura divina e humana na sua família. Quando se experimenta uma boa relação paternal-filial nossa inclinação para uma relação sadia e bem equilibrada com Deus aumenta.

Os primeiros olhares de uma criança para seu pai lhe mostram um herói. O pai sempre é visto como alguém que é capaz de carregar todo o mundo em seus braços, superando qualquer super-herói que pudermos encontrar – desde o super-homem até o incrível Huck. Contudo, essa força paterna é afetiva e não física. A força do pai mostra que vale a pena viver, pois ele estará ao nosso lado para nos amparar e nos orientar.

Também poderia me lembrar que o pai é o primeiro grande jogador de futebol que podemos ver. Seu talento é inigualável! Quando o vemos em um campo de futebol aprendemos que se deve vencer as dificuldades; olhar atentamente a meta que se tem pelo caminho; visualizar as oportunidades; fazer os gols necessários e principalmente mostrar que o importante naquele momento não é uma vitória, mas estar com seus filhos e vê-los com um sorriso que brotar de seus corações.

O pai ainda é o grande milionário que conhecemos. Seu dinheiro é quase infinito e sua disposição a trabalhar é maior ainda. Sua sabedoria de trabalho ensina que é um profissional fora do comum. O pai é capaz de ser o mestre da obra de um edifício até o grande mestre da obra da vida. Ele nos ensina desde o montar o nosso primeiro quebra-cabeça até como conquistar a primeira namorada. Muitas vezes, seus ensinamentos são tidos como chatos, porém sua perseverança é maior do que nossas reclamações. Ele sabe da importância desses ensinamentos e por isso nos diz: “talvez hoje vocês me achem um chato, mas quando forem pais verão como isso era importante”.

Ser pai é tão especial, mas tão especial que o próprio Deus quis sê-lo. E nós, homens, deveríamos nos alegrar, pois ele nos conferiu tal graça. O amor de Deus foi tão grande que ele partilhou conosco o que havia de mais divino: O SER PAI. Conhecer esse lado divino da paternidade, porém, requer que o pai faça a experiência da entrega. Ele entregou-se para criar seus filhos, deu-lhes o que podia de melhor e agora tem que entregá-los ao mundo. Ele que um dia foi um guardião, um senhor, um protetor de seu tesouro filial tem que entregá-lo ao mundo, sem nenhuma paga, sem nenhuma recompensa material. Pai é exemplo de amor, por fazer a experiência da entrega! Não é dele que nós soltamos nosso umbigo, mas é dele que aprendemos que não somos nossos, mas da vida e da vida plena.

Entro, neste parágrafo, com lágrimas de um sonhador. Acredito que todo homem deveria sonhar com a paternidade. Porém, existem homens que somente pensam na satisfação hedonista e não na responsabilidade junto ao filho (a). Quantas dores causam na humanidade! Quantos sonhos conseguem destruir! Quantas vítimas conseguem produzir! Quantos e quantos perdidos por sua irresponsabilidade. Peço somente que se algum homem que esteja nesta situação ler tais palavras lembre-se de sua responsabilidade e não perca tempo de repor o que já foi perdido.

Porém, aos pais que são realmente heróis e amigos só podemos expressar nosso: MUITO OBRIGADO!

MUITO OBRIGADO! Pelas vezes que nos ensinou a andar de bicicleta. E logo após o primeiro tombo esteve nos levantando e motivando a caminhar. Ensinando-nos assim, que devemos sempre ir rumo aos nossos sonhos e se as caídas aparecerem sua presença será constante e motivadora para não desistirmos.

MUITO OBRIGADO! Pelas primeiras partidas de futebol, onde aprendíamos a abraçar nossos talentos, a lutar para vencer as dificuldades e obstáculos. Mas, sobretudo, por nos mostrar que você era o principal armador dos grandes “Gol-s” de nossa vida. Lembrando-nos ainda que em nossas vidas a felicidade se encontra onde podemos fazer os outros felizes.

MUITO OBRIGADO! Por nos levar para pescar e ensinar-nos que a paciência é uma virtude humana. Mostrando-nos que devemos esperar os melhores momentos, as grandes oportunidades para conseguirmos o que a vida nos prepara.

MUITO OBRIGADO! Pelas suas histórias de infância e adolescência. Cada momento de sua vida que nos contava fazia-nos lembrar que a amizade é uma graças concedida ao ser humano. Com suas traquinagens e atos responsáveis descobríamos que não são os grandes feitos que nos marcam em nossas histórias, mas as pequenas coisas que são nossas maiores educadoras, mesmo que sejam com sorrisos e lágrimas.

E finalmente, PAI, MUITO OBRIGADO! Por nos mostrar que mesmo diante de todas as dificuldades e problemas do mundo contemporâneo vale a pena ser PAI. Muito obrigado por nos ensinar que o maior bem que podemos oferecer para o mundo é um bom exemplo de PAI. Se algum filho sonha em ser pai é porque pode ver que existia um pai bom o bastante para ele seguir seus caminhos.

PARABÉNS A TODOS OS PAIS! NÓS LHE AMAMOS PAI!

Jackson de Sousa Braga

Mariana, 12 de agosto de 2011.

Por ocasião do dia dos pais e do meu pai.

domingo, 10 de julho de 2011

A SOLIDÃO


A SOLIDÃO ME ENSINOU QUE...

Cada minuto é uma aproximação da morte

Cada dia é uma eternidade de memórias

Cada semana é digna duma roda de amigos

Cada ano é o limite do eterno.

A SOLIDÃO ME FEZ PRODUZIR...

As sentenças do poema apaixonado

A Filosofia cheia de angústia e esperança

A sujeira dos prazeres solipsista

As espadas de dor travadas em meu peito.

A SOLIDÃO ME MACHUCOU COM...

Os braços vazios de uma paternidade sonhada

A distância da beleza e doçura dos lábios da amada perdida

O frio que é produzido em uma cama sozinho

A saudade do colo maternal e paternal

A brincadeira sem sorrisos fraternos.

A SOLIDÃO ME PRESENTIOU COM...

pele que cheira suas próprias podridões

Ouvidos que clamam pela audição

Narinas que vêem odores do Mal

Boca que ouve suas próprias palavras

Olhos que sentem a frieza das cores

A SOLIDÃO ME CRIOU...

O ódio para ser filho do amor

A escuridão para iluminar o claro

A dor para aliviar a felicidade

O frio para agasalhar o calor

O nada para completar o tudo.

EM FIM, A SOLIDÃO É UMA LOUCURA QUE LEMBRA QUÃO ETERNA É CADA COMPANHIA...

JACKSON DE SOUSA BRAGA

SOZINHO, 06 de julho de 2011

quinta-feira, 5 de maio de 2011

“CORAÇÃO DE MÃE SEMPRE CABE MAIS UM!”


Esta frase é tradicionalmente ouvida por nós, em nosso dia-a-dia. Muitas vezes sem compreensão plena. Por ocasião desse dia tão especial em que celebramos todas as mães gostaria de refletir sobre a presença da mãe, em cujo coração encontramos essa abertura para nosso encontro do “mais um”.
O que será que quer dizer “Coração de mãe”? Penso que poderíamos nos orientar para a observação de seus atos de amor. Enquanto constituição biológica os corações das mulheres são como todo e qualquer coração humano. Porém, enquanto “sentimento” – sentido dado a coração na frase – esta palavra se refere ao amor, sentimento que impera em toda e qualquer mãe. Coração e amor nesta frase podem ser analogados.
Mas o que esse amor faz?
O amor de mãe tem a capacidade de cuidar das primeiras dores do mundo com a simplicidade de um sopro: “Deixe-me soprar que sara!” O amor de mãe é o único que mesmo diante da dor é capaz de exibir um sorriso ao sentir seu (a) filho (a) encostado em seu seio. O amor de mãe sabe tocar sem ferir, sabe xingar sem odiar. O amor de mãe entrega não só sua presença, mas também sua carne para formação de seu (a) filho (a). O amor de mãe é o único que é capaz de entregar em alimento líquido o que as palavras já não podem dizer. O amor de mãe solta um grito, mantendo a imensidão do silêncio. O amor de mãe é capaz de oferecer perdão ao pior de todos os filhos. O amor de mãe é capaz de compreender o motivo do erro, sem deixar de corrigi-lo. O amor de mãe oferece a palmada, mas a sente em dobro cortando seu coração. O amor de mãe é o primeiro que recebemos e o último que perdemos...
É por isso e muito mais que amor de mãe é chamado de coração, pois sabe colocar na carne o sentimento mais divino que pode haver...
“Sempre cabe mais um”. O coração de uma mãe é capaz de caber mais um filho e ainda tem a capacidade de dar-lhe a mesma maternidade, sem tirar do primeiro (os) nada do que lhe foi dado ou será.
Mas, coração de mãe ainda cabe um...
“Sim, eu lhe perdôo!” Mesmo que o (a) filho (a) tenha lhe tirado os bens mais preciosos...
“Sim, eu lhe entendo!” Mesmo que o (a) filho (a) tenha cometido um erro incompreensível...
“Sim, eu lhe acolho!” Mesmo que o Filho tenha lhe oferecido um tapa, soco, ao invés de um abraço e carinho...
“Sim, vou lhe dar minha mão!” Mesmo que o filho tenha fugido de sua proteção maternal.
O coração de um mãe sempre cabe...“Não atravesse a rua sozinho!” ainda que seja uma rua de amargura e sofrimento, ela está disposta a estar conosco até o fim...
Esse coração que cabe sempre os dizeres: “Deus lhe abençoe!” Mesmo que o (a) filho (a) esteja distante física ou sentimentalmente...
O coração de mãe sempre cabe mais um par de braços que parecem frágeis, porém seriam capazes de moverem montanhas para ver o sorriso de um (uma) filho (a)...
Enfim, o coração de uma mãe sempre cabe mais um “Eu te amo!” talvez simples para quem ver, mas gigante para quem sente...
Pedimos licença a todas as mães para dizermos o que ao nosso coração de filhos sempre cabe...
Com certeza é um MUITO OBRIGADO...
Pelo ventre que nos carregou, mesmo com os chutes e dores fortes que lhe provocamos...
Pelo alimento de seu seio maternal, que nos fez estar aqui...
Por nos ter oferecido suas mãos para caminharmos os primeiros passos e ainda o resgate de seu colo maternal depois do nosso primeiro tombo...
MUITO OBRIGADO!!!
Por nos motivar os primeiros e tantos outros sorrisos...
Pelo alimento temperado de carinho e recheado de amor, que tanto nos saciou e sacia seja física ou afetivamente...
Deixe-me parar por aqui, pois são inumeráveis os obrigados que deveríamos dar às mães, mesmo todos os computadores e papéis do mundo não seriam capazes de comportar...
Mas, uma das coisas que mais sabemos é que seu coração cabe o nosso:
Feliz dias das mães e nós lhe amamos!
JACKSON DE SOUSA BRAGA
Mariana, 05 de maio de 2011.
Por ocasião do dia das mães

quinta-feira, 17 de março de 2011

AH! MULHER




A todas as mulheres, especialmente as que sofrem,

choram e são exploradas em casas de prostuição.

Fico me perguntando o quanto é importante a mulher na história da humanidade.

Ah mulher! Quanto você fez para estarmos aqui; para sorrirmos e para aprendermos a andar. O primeiro nome que, comumente, se fala é mãe, porque é presença feminina e perfeita em nossa vida. É por isso que escrevo, para lembrar a todos que lerem posteriormente estas palavras o quanto admiro e amo este ser, cujo nome é mulher.

Ah mulher! Deus foi tão sábio em sua criação do ser humano que decidiu criar um rascunho, ao qual deu o nome de homem. Logo depois, observando o que faltava neste rascunho, criou a maior obra de arte de suas mãos, cujo nome é mulher. O primeiro homem só era alguém formado da terra, que um dia voltaria para a mesma, ainda que fosse para tirar o alimento com o suor de seu rosto. Já a primeira mulher era a esperança da vida, não é em vão que recebeu o nome de Eva, que significa aquela que gera vida. Sendo assim, a história continua e a mulher permanece sendo a fonte da vida e o homem, muitas vezes, não faz o que deveria fazer que é ir a terra e voltar com o pão. A mulher, hoje constantemente, assume esse papel do homem sem deixar de cumprir o seu com majestade e sabedoria.

Ah mulher! Quanto a amo. Vejo a perfeição de seu ser com um amor desconhecido, para mim mesmo. Vejo a brandura de seus lábios e anseio para que me dêem um pouco da doçura de seus beijos. Vejo o toque de suas mãos e aspiro pela eterna suavidade de seus dedos em meu coração. Vejo a divindade criadora em seu ventre e sonho com o dia em que poderei abraçar o fruto do nosso amor.

Ah mulher! Com lágrimas de amante, entro nesse parágrafo para condenar a exploração de seu corpo por uma sociedade hedonista e capitalista. A mulher foi criada para ser venerada e não explorada. A mulher foi formada para ser amada e não usada. A mulher foi esculpida para ouvir o silêncio masculino ao ver que a perfeição tem nome, corpo e sabe ouvir e ser ouvida.

Ah mulher! Sei que anseia por dias melhores. Sei que deseja ver o sorriso de suas (seus) filhas (os) brilhando no alto de um palco ao receber o diploma de formada (a). Ou em um altar ao entregar-se a pessoa que acredita amar e ser amada (o). Sei que sempre chama suas (seus) eternas (os) meninas (os). Sei que passa por toda humilhação e dor para ver um dia aqueles a quem gerou sorrir e dizer: “consegui!”

Meu Deus, que sóis pai e mãe, homem e mulher, obrigado por me iluminar e fazer com que eu descubra que minhas palavras não são capazes, nunca serão, de dizer o quanto é perfeito essa obra maravilhosa de suas mãos. Só peço licença para dizer uma última frase, que talvez tente resumir meus sentimentos: “ EU A AMO, MULHER!” só me resta agora o silêncio, pois, com ele, tenho a certeza de não errar.

JACKSON DE SOUSA BRAGA

MARIANA, 8 DE MARÇO DE 2011

POR OCASIÃO DO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ah, Gabriela!


Quanto tempo já se passou! Desde nosso primeiro contato, nosso primeiro olhar... Lembro-me do vermelho – cor forte que lembra o martírio e a dor, os quais senti e ainda sinto. Lembro-me de sua companhia que tanto confiava e queria, mas que hoje anseio em me afastar, ao mesmo tempo que estou apegado como se fosse minha própria alma.

Ah Gabriela, sua morte foi meu encontro paradoxal. Foi minha liberdade, pois estava livre de suas prezas e garras ferozes e desumanas. Foi, também, meu apego a dor de uma prisão interior e obrigatória para mim e para quem venho a desejar. Espero que esteja livre de suas dores e de sua depressão onde quer que se encontre e que um dia me perdoe por ser o causador das mesmas.

Meu verdadeiro amor não é você Gabriela, porém eu a assumi em minha vida e acabei deixando com que dominasse meus dias. Depois de sua morte em 2007, fui obrigado a tê-la como minha companheira, não por opção, mas por obrigação.

Neste ano de 2010, completam-se 4 anos! Já são quatro anos que lembro-me de você e de tudo que passamos juntos. Sinto-me livre, porém – ao mesmo tempo – sinto-me preso a uma aliança que só me faz lembrar de minha obrigação para com você e com todos os seus.

É o fim de minha palavras, mas pelo que vejo pode ser um início onde vou acabar assinando um termo no qual estará dito que desejo – afirmando-se que é livremente, mas não é – tê-la como minha eterna companheira.

Não se engane, aqui não é o FIM, é simplesmente um COMEÇO...

De Dor ou de alegria, não sei, mas é...

JACKSON DE SOUSA BRAGA

Planeta Terra, VIVENDO, 31 de dezembro de 2010, 19h07min.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mais um dia 10 de Novembro...


Ao acordar, penso no mistério da vida e da morte.
Ao me levantar, estico este moribundo.
Ao me olhar, vejo mais um ano passado.

Ao orar, louvo a Deus por não estar morto.
Ao estudar, coloco em ação o enigma de um “eu”.
Ao ouvir, recebo felicitações, seja por estar mais vivo ou mais morto.
Ao falar, agradeço o calor humano que arde em meu peito.

Ao alimentar-me, lembro-me da proteção do útero materno.
Ao trabalhar, descubro que fui expulso para a frieza do mundo.
Ao descansar, rememoro as vésperas da morte.

Ao banhar-me na chuva, tento livrar-me das sujeiras internas e externas.
Ao divertir-me, fujo da dor que o amar me causa.
Ao dormir, prefiguro minha estadia no meu próprio jazigo.
Ao sonhar, ganho a oportunidade de esperar pela vida.




AMO NOVEMBRO: Por ser meu, por ser o mais lindo com suas chuvas e por me preparar para o fim que se aproxima subitamente...




JACKSON DE SOUSA BRAGA.
Mariana, 10 de novembro de 2010 – 17h15min.
Por ocasião de meu aniversário.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Um dia na Praça...



Estar na praça, estar no momento de silêncio. Estar na história de minha vida. Estar em um banco. Ser mais um no mundo contando uma história, mas qual história? A história de minha vida, a qual vivo e conto a todo instante: estava como aquela criancinha que antigamente sentava-se na beirada da cadeira de seus avós para ouvir histórias e mitos que eles tinham para contá-la. Às vezes, ficavam até com medo, mas gostavam de ouvi-las. Gostavam de encantar-se com suas palavras. Eu me sentia nas duas situações. Deixei que fossem em mim suprassumida a criança e os avós. Lembrava-me das minhas experiências, histórias, momentos que vivenciei e vivencio até hoje.
Comecei a olhar para todos os locais que meus olhos podiam alcançar. Via o infinito, no tempo e no espaço, perdido. Coitado! Vagava como estas minhas palavras no papel. Sentia-me perdido em meio as inúmeras coisas. Pensei logo: “tenho que fazer algo! Mas, o que tenho que fazer?” Recebi só uma resposta: “Tem o nada, se é que possa tê-lo algum dia!” Mas, relutei e observei que já estava fazendo algo: “Ora, estou aqui sozinho, ouvindo-me, falando-me...
Não me veja como uma solipsista, pois não o sou. Estava experimentando ouvir as doce palavras que o amor podia me falar; dizendo ao amor que o amava de um modo desconhecido. Lançando os mais doces beijos ao amor, esperando que ele gozasse de tão maravilhosos momentos; amava ao amor; tocava-o com as mãos invisíveis de minha alma; sentia seu doce perfume, como era maravilhoso! A saudade batia em meu peito lembrando-se do sabor de sua boca e do gosto agradável de seus lábios.
Mas eu estava só! Via centenas de pessoas, mas faltava apenas o amor. Faltava o que eu apreciava. Desejei sentir suas mãos tampando meus olhos e tocando as lágrimas que caiam dos mesmos: “Surpresa! Por que chora?” iria lhe dar como resposta: “Sinto tantas dores! Já não suporto!” O amor sempre preocupado ousaria a dizer: “Não fique assim!” Minhas palavras iriam se encher de ira: “Como não quer que eu fiquei assim, queria você dentro de mim, habitando meu coração e tocando-o com sua presença! Sabe o que me dói? É saber que sofrer por amor machuca, mas sofrer sem ele é muito pior!” desejava um “sim, eu volto! Como antigamente, nos dias em que nos escondíamos nas praças de seu coração e ficávamos a nos deliciarmos dos frutos de nossa presença!” Mas, eu observei que estava lá novamente só e chorando.
Tudo não passava de um vazio completo! Via grupos de amigos deixando-se no vício de seus pulmões. Eles estavam caídos em suas tristezas e imersos no fingimento de seus sorrisos. Via meninas festejando sua própria vaidade, deixando-se cada vez mais imersas em suas fotos. Mas, faltava algo!
Via a mãe e amigas festejando em fotos com seu amor, mas aquele amor havia nascido daquela mãe e completava a ela e não ao meu coração, por isso continuava no vazio. Via trabalhadores se matando para conquistarem seus sonhos. Via uma mãe abraçando seu amor. Via um homem que muitos consideravam defeituoso se virando para mim e oferecendo alimento, mas eu não queria um alimento físico, eu queria um alimento afetivo. Sabia que só sua disponibilidade em me oferecer um alimento, já tinha um pouco do alimento que necessitava, mas não o tinha para me completar.
Parei de chorar e fui, então ao encontro de outra história. Não sei se será o que desejo ver, mas sei que é uma história infernal. Ainda bem que vou apenas vê-la e não vivê-la.

Jackson de Sousa Braga
Mariana, 28 de maio de 2009.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Por que no fundo...


Por que no fundo, nós desejamos existir
Por que no fundo, nós só construímos uma história
Por que no fundo, nós só queremos uma vida
Por que no fundo, nós só sonhamos com as estrelas.

Por que no fundo, nós só desejamos brincar
Por que no fundo, nós só construímos a família
Por que no fundo, nós só queremos filhos
Por que no fundo, nós só sonhamos com aquele sorriso

Por que no fundo, nós só desejamos alguém que nos espere, depois do trabalho
Por que fundo, nós só construímos o que amamos
Por que no fundo, nós só queremos ser cobrados para ser bons pais
Por que no fundo, nós só sonhamos em morrer com alguém que nos admira

Por que no fundo, nós só desejamos uma companhia
Por que no fundo, nós só construímos um nós
Por que no fundo, nós só queremos as pessoas felizes
Por que no fundo, nós só sonhamos em ser felizes

Por que no fundo, eu só sonho em te ouvir...


Jackson de Sousa Braga.
Mariana, 10 de junho de 2010, 20h26min.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

AMIGOS...



Todo ser humano experimenta uma amizade, acredito piamente que não exista um ser humano que não tenha um amigo. Amigo é uma palavra muito fácil de se falar, mas complicada de se viver. Amigo é um modo de ser divino na vida daquele que amamos, não é em vão que o próprio Deus quis ser humano para poder viver plenamente sua divindade.
Sabemos que a palavra “amigo” vem do latim amicus, a qual tem a mesma raiz da palavra amare que quer dizer amar. Podemos observar que não é do substantivo amor, mas sim o verbo amar, por que o amigo não tem só um sentimento, mas o pratica. Por isso, é tão complicado se dizer amigo. No grego, o verbo amar é dividido em várias palavras, cada uma designando um modo diferente de amar. A palavra que designa o amar do amigo é ágape, que é viver o companheirismo, ajuda, sem nenhum laço afetivo-sexual, familiar ou religioso.
Além disso, ouvimos tradicionalmente esses ditados se referindo aos amigos: “Amigo é o irmão que nós escolhemos”; “Amigo é um presente que temos a oportunidade de nos darmos a nós mesmos”. Com certeza um amigo é um irmão, mas o ser amigo passa o ser irmão. Um irmão pode ser amigo e muitos o são. Agora, quanto aos amigos, podemos afirmar que todos são irmãos. Amigo nos conhece com uma profundidade indizível, sabe quais vão ser nossas reações diante de X ou Y acontecimento. É por isso, que não podemos sair intitulando todos de amigos por ai, como se o fosse.
Acredito que não é necessário se falar: “amigo verdadeiro”, porque o ser amigo já inclui o ser verdadeiro. Não existe um amigo falso, isto você pode chamar de colega, mesmo assim não sei se o é merecedor de tal nome. Nem todo amigo é padre nem muito menos psicólogo, mas com certeza é a pessoa certa para ouvir nossas confissões e nos dar orientações. Duvido que você nunca tenha procurado um amigo para falar algo que fez de errado ou para pedir uma orientação do que fazer.
Até mesmo o pensamento nasceu de uma reunião de amigos, podemos ver pelos filósofos. Eles sempre se reuniam nas praças da Grécia com seus amigos para pensarem no Ser, no Amor, no Conhecimento etc.
No fim desse texto, só posso dedicar essas minhas poucas palavras aos amigos que tenho. Obrigado por ser uma presença tão importante em minha vida. Sei que essas palavras não são suficientes para expressar a experiência da amizade, podia até dizer como Wittgenstein: “do que não se pode falar, deve-se calar.” Porém, penso ser justo parafrasear Santo Agostinho para dizer que não consigo me expressar com precisão sobre os amigos, mas essas palavras são para que eu não me cale diante de seres tão importantes, que muitas vezes não precisam de palavras para serem amigos, pois sabem ser estrelas nas noites de nossas vidas.


JACKSON DE SOUSA BRAGA
Por ocasião do dia internacional da amizade.
Itabirito, 20 a 27 de julho de 2010.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

“Amor da minha vida!”



O título é sugestiva, quase todos os modos de amar que serão colocados aqui têm o costume de usar esta frase. Tem-se por objetivo pensar os seguintes tipos de amores: irmãos, amigos, namorados e conjugues, filhos e pais. (usar-se-á a mesma ordem).
O amor de irmãos pode ser chamado de amor cúmplice. Pode-se pensar na relação de constante união e cumplicidade, esse amor lembra até do quanto um irmão já quis ver o outro junto dele, sendo um fiel cúmplice. Imagina-se aqui uma irmandade da qual brota companheirismo e brigas, cumplicidade e “dedodurismo”, amizade e rivalidade ferrenha, abraços e socos, ajudas e dívidas... É um grande paradoxo esse amor fraternal, mas não se pode deixar de dizer que é graças ao paradoxo que o amor é manifesto, pois nas rivalidades e rinchas, os irmãos podem sorrir e dizer: “somos irmãos!”. Na sua maioria, podem ouvir dos pais que devem ser amigos e não inimigos. No fundo, um(a ou os e as) irmão(ã ou ãos ou ãs) tem(têm) o outro(os ou as) como uma referência, sabe que seu irmão(a) é alguém que merece ser feliz como ele(a) e deseja vê-lo(a) no topo do mundo junto dele(a) (é claro que não se pode negar que provavelmente vá desejá-lo uma pedra abaixo, mas independente do que for quer-lhe junto).
O amor de amigos é semelhante ao dos irmãos, tem em si uma fraternidade espetacular (deve-se ressaltar que não está se falando de colegas e sim de amigos). Amigo é confiável (em todo sentido). Amigo é o único que entra na briga para não deixar que o outro apanhe sozinho (salvas suas devidas proporções). Amor de amigo é ligado incondicionalmente ao do irmão, porém ele o passa. O irmão chega a oscilar com pequenas freqüências[1]. O amigo passa pelas frequências[2] gigantes e nem mesmo se mostra fraco ou frágil. Engana-se quem supervaloriza somente família. Se tiver um amigo, então com certeza tem um companheiro inigualável, que não lhe deixa em questões complicadas, ainda é ótimo conselheiro[3]. O amor do amigo é cúmplice também, mas nele esta contida a ousadia de conhecer profundamente o amigo, ele sabe muito bem quais serão as reações que o amigo terá diante de tal acontecimento e saberá aconselhá-lo. O amor do amigo é entrega em prol de recebimento mútuo. Ambos devem ganhar nesse amor, sem nenhuma obrigação de sentimento, sangue ou entidade familiar ou social.
O “amor[4] de namorados é que será tratado primeiro aqui, se é que possa sê-lo. Pensa-se que a palavra amor não é apropriada aos namorados, nem mesmo a casais recém casados. Os namorados têm uma paixão, a palavra paixão quer dizer uma oportunidade de se criar amor pelo que se está inclinado. A paixão é uma oportunidade de se inclinar para o que se considera um bem, diferente de amar que é a própria inclinação para o bem que se tem. Paixão é a oportunidade de fazer ou não que se crie o amor, mas este é a prática, vivência concreta de paixões sentidas. Os namorados dizem “eu te amo” e o que há de mais nisso? Deixe-os, pois já estão querendo viver aquilo que há de belo no amar que é a presença, só se espera que tenham consciência do que é amor e do que é paixão e quando disserem a frase citada acima, saibam em que sentido estão falando-a. Os namorados são com certeza potências para amar!
Quanto ao amor dos cônjuges, deve-se dizer que os momentos são diferentes:
1° → “homem e mulher” – será entendido o momento em que estão recém-casados ainda estão na paixão, tem mais potencialidade para amar do que os namorados, mas não amam ainda. Neste amor, ainda tem-se o objetivo de um satisfazer particular e pouco para um satisfazer mútuo, tanto que sempre estão em busca de seus prazeres sexuais.[5]
2° → “marido e esposa” – não existe mais simplesmente uma vontade de ter um prazer particular e sim o desejo do prazer mútuo. Esse amor por volta dos dois a três anos de experiência juntos que tem seu início (existem casos que nem tem início, muito menos fim). Seu vestígio principal são as discussões, precedendo as reconciliações que são propostas por ambos os lados, quando sentem a falta que o outro faz, não pela satisfação de seus prazeres, mas para simplesmente ouvir e estar junto[6].
Este sim, pode ser entendido como amor, pois a finalidade é estar junto do outro, somente para tê-lo ao seu lado. Sua percepção é quando se tem a oportunidade de ver um casal já idoso que sente a falta do outro quando não o tem por perto, ou, ainda, quando um está doente e o outro pode simplesmente dar-lhe ajuda (como comida na boca) com todo carinho de uma mãe para com seu filho. Esse é o próprio amor sem intuito de simples satisfação particular[7].
O amor de mãe / pai[8] não olha entidades, ou regras, quanto mais obrigações para amar. É o único que nasce em questões de segundos. No momento da consciência do filho(a), a mãe toma um toque, ou melhor, uma pincelada de amor que não sabe de onde ou como aparece, mas sabe que surge maravilhosa e divinamente[9]. Ele é paciente, é bondoso, é nervoso... É o que bate (não espanca, mas dá a palmada para educar). Sabe o que vai acontecer e deixa acontecer, para mostrar a liberdade do amado. Porém, não é um amor que deixa de avisar ao seu amado. É o único que se sente ainda mais agredido do que o amado quando este é agredido. É que faz e se oculta. Tem o costume de cobrar tudo que fizera, mas nunca deixaria de fazê-lo novamente e se possível ainda melhor. O amor de mãe é o único que, mesmo desprezado, não consegue ficar sem desejar o bem supremo para quem o desprezara. É o único que não podendo fazer nada pede, ou até mesmo implora, para que o façam em prol do bem daquele a quem ama, sem ter que ver sua satisfação egologística feita, mas que condiciona sua satisfação ao amado (quando pode vê-lo feliz é feliz). Ele não sabe, não crê, não chora, simplesmente vive o amor.
O que há de comum nesses tipos de amor? Pode-se dizer que é simplesmente o que a palavra ser humano e amor representam na linguagem. O amor é condição do ser humano ser ele mesmo e o amor é condicionado ao ser humano, pois somente este pode ter amor.
É necessário apenas deixar uma mensagem: Mesmo que seu amor não for amor, sendo apenas uma paixão, não deixe de dizer a(s) pessoa(s) a quem é apaixonado (a) ou ama: “EU TE AMO!”. Pode ser que essa paixão ou amor não seja correspondido, mas você terá libertado de si a dor de carregar a mais bela motivação de vida.
Este texto é dedicado àqueles que merecem o amor deste autor, pois o amam com um amor que ninguém mais ama nesse mundo. Ainda é necessário dedicar à pessoa que ajudou a fazer este texto, ela bem sabe o porquê desta dedicação.
[1] Freqüência é entendida como momentos de dificuldades, dores, brigas...
[2] Frequências, neste caso, é gigante porque não existem laços morais e/ou sanguíneos.
[3] Não está dito que o amor de família é menor ou equivalente ao do amigo, porém o amor do amigo precisa ser respeitado como o é, assim como o amor de família teve e tem sempre seu respeito.
[4] Será comentada essa palavra e pode-se observar ao longo do texto o porquê.
[5] Ideia tirada do pensamento de “Pura”, fornecido ao autor no dia 12 de novembro de 2009 às 23:29 horas;
[6] Idem
[7] Dedico este parágrafo àquela senhora que velava sozinha seu esposo na Igreja da Boa Morte (Barbacena- MG, no dia 18 de julho de 2009 na parte da manhã). Perdoe-me senhora, por não ter-lhe desejado meus pêsames!
[8] Será usado termo mãe daqui para frente, mas mãe irá designar pai e mãe.
[9] Divino aqui se refere a algo próprio da capacidade transcendental do ser humano e não de alguma (s) entidade (s) divina (s).