sábado, 10 de outubro de 2009

SE ME RELACIONO, LOGO VIVO


com o anúncio da morte do bem e do mal, gostaria de ressaltar o que permaneceu: O HOMEM.
O ser humano agora tem toda responsabilidade em si. Sinto-me angustiado, se Deus não existir, passo a temer a morte. Tem-se a possibilidade de não haver nada. E se tudo for finito (inclusive a alma e o espírito)? Existe a possibilidade de eu deixar de ser um ser vivente. Minha vida está acabando, estou perdendo tudo. Poderia me apegar a alguém, mas sofro em saber que sou obrigado a ter um fim. Sartre disse: “estamos condenados a ser livres”, eu completaria que estamos condenados a ser livres na convivência, porém em nossa finitude temos a obrigação de morrer.
A palavra destino passou a existir comigo, tenho que aceitá-la. O destino de todo ser humano é a morte. A única lógica que deve ser respeitada absolutamente, não há fuga ou liberdade para morrer ou viver.
Morrer é uma tristeza, é viver a falta de garantia, é experimentar o fim, que não tem início. Não tem início, porque quando a morte chega só temos o fim, onde o início não conhece a existência. A vida tem início e fim, mas a morte só conhece o fim. Deixo então a questão: “Porque tenho que morrer?” agora compreendo melhor o que Heidegger disse: “Porque ser e não o nada?” Quiçá, fosse melhor nem existir. Mas, agora que existo, porque então tenho que voltar para o nada? Como já disse anteriormente, o nada é a única coisa que me resta.
Será que teremos que ressurgir o bem e o mal, Chamando o bem de vida e o mal de morte? Mas temos a morte como total certeza e não a vida. A vida está acabando. Não desejo a morte e sim a vida, ela é a única garantia que tenho. Entretanto, só a morte é que vem ao meu pensamento; eu não a conheço, só a vejo quando o outro tem sua experiência, se é que ele pode experimentá-la.
Tenho consciência de minha vontade de não me separar do outro, ou melhor, de minha necessidade. O outro é minha condição de identidade, visto que quando o percebo então tenho percepção de mim mesmo. Isso mesmo, o outro é a vida! A morte é perder a percepção de mim mesmo. Eu não tenho consciência de que sou eu mesmo, estão estou morto. Quando estou em relação com o outro tenho a oportunidade de viver. As coisas inanimadas estão como em um estado de morte, tendo existência e não vida.
Podem me dizer: “ora, mas Deus antes de criar o mundo estava só, ele vivia”. Eu os responderia: até mesmo Deus, precisou de alguém que se fizesse outro para viver sua vida, por isso ele é trindade (quero destacar que aqui não afirmo a existência ou não de um Deus, visto que já deixei a questão de sua existência para trás). Podem ainda me dizer, sobre os seres que tem potencialidade para viver (ex.: embriões). Eu os responderia que eles devem ser respeitados com toda a dignidade dos seres que já estão em ato para a relação, pois já temo-los como outros para fazemo-los seres de um “eu”, sua potencialidade os dá possibilidade de serem em ato, logo são viventes em potência.
Quero vida, portanto quero relação com os outros. Não quero morrer, não quero deixar de ver-me na relação. Todo ser que se fecha em si mesmo não tem vida. Concluo então: “SE ME RELACIONO, LOGO TENHO VIDA”.
Agora resta-me a angústia por saber que estou perdendo essa relação com o(s) outro(s). Que estou perto da morte e não sei como fugir dessa triste perda de relações.


JACKSON DE SOUSA BRAGA
1 de outubro de 2009, ás 08:18 h.

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