Hoje, eu estava lendo o livro do
Pequeno Príncipe e me deparei com o “país das lágrimas”. Somos, enquanto animais humanos, os senhores das lágrimas e amante das mesmas. Na maioria de nossas
experiências (físicas, psíquicas e espirituais) trazemos as lágrimas como uma
reação. Além disso, somos seres que vem a chorar (trazer lágrimas) para
nascermos da melhor forma possível. Somos amantes das lágrimas e também
fugitivos das mesmas.
Somos
amantes das lágrimas, porque acreditamos que elas são nossas válvulas de
escape. Acreditamos no seu poder de limpar nossas almas das dores da
existência. Acreditamos que as lágrimas carregam no olhar a contrição do erro e
a vitória do justo. Amamos as lágrimas pela sua capacidade em expressar a nossa
confiança na misericórdia do (O)outro. Encontramos nelas a explosão da vitória
trabalhosa e a confiança do suor bem empenhado. Enfim, somos amantes das
lágrimas, pois sabemos que elas são a melhor forma de tornar físico o que não
pode ser físico.
Porém,
somos também fugitivos! Fugimos de sua capacidade de manter viva a dor e a angústia
de dias sombrios. Santo Agostinho tinha o costume de dizer que “as lágrimas são
o sangue da alma” e acredito que o dizia para nos lembrar da capacidade que
elas têm de nos retirar a vivacidade de nosso ânimo. É através delas também que
expressamos a ira de corações escravizados pelo ódio, pelos ciúmes e pela raiva. Enfim,
somos fugitivos das lágrimas, porque tememos o seu poder de tornar expresso o mal nas linhas de nossa face.
Minhas
palavras agora querem se voltar para o sussurro que os gemidos humanos carregam
junto às lágrimas. Ouça-me, ó lágrimas, que escutarem ou lerem essas palavras:
Sou um suspeito! Sou suspeito de soluçar esperanças mortas, prazeres frios,
paixões cheias de cobiça... também sou suspeito de chorar as conquistas
laboriosas, o nascer do amado, o amor difundido... Contudo, não sei bem o
motivo de cada lágrima. Porém, não deixo de acreditar que um dia vou desvendar
seus mistérios e encontrar, como um pequeno príncipe, o revelar-se do oculto de
sua fonte: “É tão misterioso o país das lágrimas”.
Diante
de minhas próprias palavras – ousadas talvez pela minha culpabilidade suspeita –
só me resta o doce e amargo silêncio da solidão. Tenho a certeza de que as gotas de
sangue jorrarão do coração de minha alma, porém a confiança nos doces
sentimentos e nas alegrias esperançosas
alimentarão minha confiança na existência.
Jackson de Sousa Braga
Na solidão
silenciosa, 21 de julho de 2012
(22h13min)